A caminho de cuenca: dia 5. De somiedo a oviedo

Hoje foi dia de montanha. Subimos de carro até às Farrapona e fomos dar umas voltas pelas lagoas. A João viu as três mais perto e seu ainda fiz um esticão, em modo trail running, para ir ver a lagoa que fica no vale da Pola de somiedo onde pássamos a noite.
Tareia dada, rumámos a Oviedo para ir devolver ao Juan roupa que deixou em nossa casa em 2019. Por essa boa ação, o Juan e a Sara cozinharam-nos uns cachopos que devorámos até ao tutano de tão bons que estavam.

A caminho de cuenca: dia 4. Na terra dos ursos

Hoje foi dia de abandonar o campismo de lamas de mouro e rumar a cuenca, mas em versão: cuenca, espera sentada que vamos refrescar a norte primeiro.
Fomos até ao parque natural de somiedo, onde, se não caiu em erro, é o único local da península Ibérica onde há ursos selvagens. Não vimos nenhum, mas se uma centena de pessoas a olhar com binóculos e telescópios para a serra contar para alguma coisa, não vamos mal servidos.
Era quase noite quando chegámos, por isso fomos directos ao campismo junto à lagoa onde, com grande pena minha não ficámos na vez anterior que aqui andàmos. Nem na outra, nem nesta que estava cheio. Felizmente havia lugar no de Pola de somiedo onde após montarmos tenda fomos jantar uma sartene de morcilla Maracana com cebola caramelizada e escalopines al Cabrales.

A caminho de cuenca: dias 1,2 e 3. Os super-heróis

Este ano o objectivo é que aos 5 dias de orientação em cuenca. Tínhamos pensado ir por meio de Espanha e ver serras desconhecidas, mas a onda de calor trocou-nos as voltas e fez-nos fugir para norte. A única zona da península Ibérica abaixo dos trinta graus. Como devem imaginar foi um grande sacrifício rumar às Astúrias.
A primeira paragem foi no parque de campismo de lamas de mouro, mas está ano fizemos uma inovação: levámos uma dama de companhia para tomar conta de nós 🙂
Por especial favor a Andreia aceitou e veio connosco. Infelizmente não nos aguentou até ao fim do combinado e fugiu meio dia antes do previsto. Mesmo assim deu para muita coisa e portou-se à altura, tendo-me acompanhado a correr, numa etapa do GR 50, no canyoning e a mim e à João no arborismo. Foi sempre a bombar! Fomos um trio de verdadeiros super-heróis.
Mas tivemos outras novidades interessantes. Conhecemos o Gilberto, investigador de oculto e exoterismo, temas sobre os quais escreve para a Zéfiro e a encantadora Vanessa.
Também tivemos direito a uma alucinante conversa com um negacionista: o vírus não existe, não há mortos (já viste algum?), é uma conspiração para nós controlar. Enfim o pacote completo.

No topo do Mundo

Deve ter sido há uns dois anos que vi uma foto de um atleta a correr na crista do Pico Gilbo. Disse logo: tenho de fazer esse trail. Assim dito, assim feito e a semana passada lá estava eu a apreciar aquela vista fabulosa.

A prova apareceu-me no facebook há umas semanas e eu rumei de imediato ao site onde em meia dúzia de cliques e 324 assinaturas COVID depois, estava inscrito.

Como era feriado Quinta-feira cá no burgo , tirámos a sexta e rumámos a norte. Riaño fica a cerca de sete horas de Leiria, mesmo na sombra dos picos da europa. Aliás, nós no Sábado fomos dar uma voltatita até Cangas de Onis, uma das cidades de ataque aos Picos. As vistas são tão monumentais que até um simples passeio de carro é de deixar os olhos felizes e contentes. Que o digam as largas de dezenas de motards Portugueses com quem nos cruzámos.

Não sei como tem sido nos outros anos, mas este ano a prova completa foram 3 etapas, 40km, 30km e, a última de 24 km, 1.400 metros de desnível acumulado e subida ao monte Gilbo. As inscrições são para as 3 etapas, as duas últimas ou a última, opção que escolhi.

Total distance: 24341 m
Max elevation: 1652 m
Min elevation: 1011 m
Total climbing: 1544 m
Total descent: -1475 m
Average speed: 10.29 min/km
Total time: 05:46:59
Download file: trailriano.gpx

A prova vai de sexta a domingo, com uma etapa por dia, e conta com um campismo oficial onde os atletas menos forretas ficam alojados e se alimentam. Não fica nada barato, por isso optámos por ficar no campismo de Rianõ que tem uma vista invejável, para o Gilbo e todos os picos das redondezas, a barragem e ainda para o campismo da prova que fica mesmo por baixo ?. Além disso come-se lá bem e barato. É só vantagens!

Aliás, tem uma desvantagem: a vista para o Gilbo. Como podem verificar pelas fotos, a crista é bastante estreita e aquilo é um bocado alto. Nunca tinha estado num local como aquele e não fazia a ideia de como me iria comportar. Iria a organização ter de me esmurrar para eu me acalmar? Devia levar fraldas?  
Aquele pico perseguiu-me constantemente e na noite antes da prova quase não dormi.

Chegado o grande dia, dirigimo-nos para a pequena aldeia de montanha de Salamon onde pouco depois começaram a chegar, além de outros atletas em viatura própria, os autocarros com os atletas. Dezenas e dezenas deles todos magrinhos! Pánico!!! Não há gorditos? Só magritos? Nããããõooooo!!!!!

Abordei o Depa (o skeaper estrela das provas em Espanha) e queixei-me de só haver atletas profissionais, mas ele descansou-me: “há muita malta que vem para se divertir, que fazem tudo a andar”. Está bem abelha! Não foram precisos mais que 4kms para ficar sozinho com toda a gente lá para a frente 😛

A prova é muito gira, e logo após saída da aldeia e passagem do primeiro monte ficámos com paisagens típicas de montanha. A prova segue com paisagens simpáticas até ao segundo pico que proporciona uma subida fácil e de boas vistas. Segue-se a, não muito interessante, descida até Horcadas onde aos 15km está o abastecimento e de onde se sobe para o Gilbo. Sobe.. e bem! A subida ao Gilbo é a subida mais dura que já fiz (o facto de ter 17 kms nas pernas não ajudou). A subida é gradual até ficarmos perto da crista e os últimos metros são quase a pique. Aqui, as pernas não mexiam e a desgraçada da moça que vinha a tirar as fitas devia estar com vontade de me atirar da montanha abaixo. Mas passada a passada lá fui subindo, devagar, devagar, devagar….até chegar à crista! A crista… à minha frente dezenas de metros com a largura de uma faca gigante mal afiada e de um lado e outro, 500 metros abaixo, as águas azuis da barragem. Um sonho!!!!

Fingi que estava a aproveitar a vista enquanto procurava pelas pernas e comecei a caminhar pelo gume da faca. Uma centena de metros à frente, tive direito a um batedor que foi sempre à minha frente a indicar o caminho. Uma vezes no gume da faca, outras mais de lado. E assim foi até ao pico onde parei para apreciar a vista e fazer um vídeo panorâmico.

Depois veio a descida.. a pique, dura e sem pernas. Mas, porra! era a descer! Foi lento mas fez-se sem grande dificuldade e cruzando-me com alguns turistas que iam ver as vistas ou iam a descer. Por onde subimos não havia ninguém, mas desde lado não faltavam passeantes.

Descida feita, um par de kilometros ao longo da barragem e depois a mais longa ponte do mundo que, segundo me disseram tem normalmente 1km mas naquele dia tinha 10, mais coisa menos coisa. Chegado a Riaño, é só subir a escadaria do inferno, uns inacabáveis 30 ou 40 metros, e seguir para a reta final e ser recebido como só se é em Espanha;  com o entusiamo de quem recebe o primeiro.

FOTOS AQUI

A verdade existe?

Há dias assim, uma partilha no Face, um comentário e um turbilhão de pensamentos à volta desses insignificantes factos. Os pensamentos têm tendência para ficar colados e das duas umas ou espero alguns dias até descolarem ou transfiro-os para o papel. A verdade existe? Sim, existe e podemos alcançá-la. Já a Verdade, não sei e sinceramente não me interessa pessoalmente. A verdade chega-me e sobra-me.

Este texto nasceu de parto natural, ou seja, no Facebook. A mãe é a socióloga Eva Illous e o pai um amigo jornalista que por motivos óbvios vai ficar anónimo.

“O que aconteceu na cultura ocidental para as pessoas se desinteressarem do próprio conceito de verdade? De facto, se os mentirosos são hoje bem-sucedidos, é porque a verdade já não é tão importante para nós”.

Foi a minha partilha no Facebook deste excerto do artigo “Sem Verdade Não há democracia” de Eva Illouz [a] que iniciou a gestação deste texto. Isto, porque após uma pequena troca de comentários entre mim e o Amigo Jornalista Anónimo (AJA), este terminou a conversa com “uma verdade: gosto disto mas tenho de ir trabalhar” rematando com “interpreta como quiseres”. Ok, desafio aceite. Vamos a isso!

Rápido e bem, não há quem

Fazemos inúmeras decisões todos os dias e não podemos gastar o tempo e energia suficiente para as resolver todas de modo 100% racional. Além disso, muitas das decisões são de pouca importância e o custo de as errar é menor que o custo necessário para as analisar em toda a sua complexidade: quem é que se dá ao tempo e trabalho mental de analisar TODAS as variáveis para escolher o melhor lugar numa esplanada?

Para essas decisões do dia a dia, usamos o “modo de pensamento tipo 1” 1,2 que faz uso de heurísticas 3 para obter uma resposta rápida. Assim, ao invés de analisarmos toda a situação, usamos o conhecimento adquirido em problemas anteriores semelhantes para obter uma resposta e respectivo modo de actuação.

Considerando a minha interacção ao longo de muitos anos com o AJA, não tenho motivos para duvidar dele e, além disso, o custo de estar errado é irrelevante. Como tal, a decisão sobre a veracidade dessa afirmação envolveu meio neurónio e um nanossegundo e o resultado é obviamente positivo: sim, é verdade.

Mas vêem aqueles braços frenéticos no ar lá ao fundo? São os PIM, os Picuinhas Irritantes e os Metafísicos 4 (distinção feita porque há picuinhas irritantes que não são metafísicos). Em situações normais devemos ignorá-los, mas como estamos aqui para complicar vamos fazer de conta que este problema é mais complicado do que aquilo que é.

Entidades não devem ser multiplicadas além do necessário

Mas antes de complicar vamos fazer uma visita ao nosso amigo Guilherme de Ockham 5. É em sua homenagem que foi dado o nome ao princípio da “navalha de Ockham”, um raciocino de base heurística que defende que “entidades não devem ser multiplicadas além do necessário”: Se as explicações que estamos a dar são demasiado rebuscadas, é porque não estamos a ir no caminho certo. Ou para simplificar: as respostas complicadas devem ser evitadas. A navalha de Ockam pode não ser muito conhecida, mas os seus princípios estão espelhados num acronímico bem mais comum, o KISS (Keep It Simple, Stupid) 6.

“O AJA está a mentir, o que está a acontecer realmente é que está a ser ameaçado por extraterrestres”. Para esta explicação ser verdade, têm de ser verdade uma série de afirmações: existem extraterrestres, visitam a terra e ameaçam pessoas. À luz do conhecimento actual, nenhuma dessas afirmações é verdade. Claro que há quem pense que sim, mas pertencem a uma categoria que nos interessa menos que os PIM: a malta das teorias da conspiração que acredita que os extraterrestres nos visitam e que “eles” sabem e mentem-nos sobre isso.

Agora sim, complicar o simples

O problema é que sou ciumento! E se o AJA me está a despachar para ir conversar com outro amigo? Nas palavras imortais da Peg, temos um grande problema!

Nesta situação a questão ganha importância, e como tal merece mais reflexão. Sem factos não vou conseguir saber se o AJA mentiu, mas posso tentar calcular essa probabilidade. Foi o que fiz de modo não formal com a resposta que dei: “tendo em consideração os factos: tenho-te em boa conta, tens um trabalho com horários da treta: considero essa afirmação verdadeira”. Se quisermos tornar este raciocino mais formal podemos atribuir-lhe valores.

No entanto cometi um erro na resposta, por isso temos de a corrigir antes. O que o AJA disse foi “gosto disto mas tenho de ir trabalhar”, logo não devia ter respondido “…tenho-te em boa conta, tens um trabalho com horários da treta… “, mas sim “…sei que gostas deste assunto, tens um trabalho com horários da treta e à priori, tenho-te em boa conta”. O “tenho-te em conta” é um conhecimento que vem de trás e que deve ser tido em conta ao analisar a afirmação actual. Já sabemos que o AJA é de confiança, logo a probabilidade de ser verdade a frase dele aumenta, o que, aliás, fizemos logo na primeira avaliação.

Este tipo de raciocínio leva-nos em direcção ao teorema de Bayes 7 que como o Sebastião vos poderá dizer, está no meu coração. Mas por agora já temos muito mato para desbravar e se colocar o Bayes ao barulho sou capaz de nos perder no meio do caminho. Sendo assim, avancemos sem nos preocuparmos com a confiança prévia no AJA:

  1. Probabilidade do AJA “gostar disto”: Eu conheço o AJA há muitos anos, este assunto interessa-lhe, mau seria que sendo jornalista não lhe interessasse. É um assunto sobre o qual já falámos muito e pelo qual temos grande paixão e opiniões convergentes. Atribuo a essa afirmação o valor exageradamente baixo de 95% de probabilidade de ser verdadeira. Há sempre a hipótese de ele já estar farto de falar sobre este assunto ou de não estar a achar interessante esta conversa específica.
  2. Probabilidade do AJA “ter de ir trabalhar”: Como disse, conheço-o há muito tempo e desde que o conheço, ele sempre trabalhou ao fim de semana. Há sempre a hipótese de ele não precisar de trabalhar este fim de semana e querer ir à praia sem correr o risco de eu me querer colar. De qualquer maneira, não vejo razão para desconfiar dele nesta afirmação, mas é sempre possível estar a mentir por isso vamos apostar nuns baixíssimos 99% de probabilidade de estar a dizer a verdade.

Agora com a ajuda da matemática, calculamos a probabilidade de a frase, “gosto disto mas tenho de ir trabalhar” ser verdadeira, o que acontece quando as duas afirmações analisadas forem verdadeiras:

P(frase ser verdadeira) = P( 1) x P(2)=95% x 99% = 0,95 x 0,99 = 0,9405 ≈ 0,94 ≈ 94%

E ao calcularmos probabilidades com esta precisão não estamos a cometer o crime capital de nos transformarmos em PIs? Verdade que sim, e este exercício não desse ser feito de animo leve. Foi feito aqui, mas na prática deve ser evitado.

Além disso, este tipo de cálculo está carregado de subjectividade e é mais uma arte (manhosa) que uma ciência, logo os resultados obtidos têm de ser interpretados com bastante prudência. Tentemos outro método.

Possível, plausível e provável

Porque só coloquei a hipótese de ele estar a mentir para se ver livre de mim? Por exemplo não seria possível ele estar a ser assaltado e ser obrigado a escrever isso para ele acabar a conversa comigo e poder ser amarrado? Possível é, mas não é plausível. E preocuparmos-mos com o implausível, aqui para nós que os PIM não nos ouvem, é completa e total perda de tempo para 99,99…% da actividade do dia a dia.

Mesmo descartando algumas explicações menos ortodoxas, os cálculos da seção anterior são um exagero e corremos o risco de sermos confundidos com um PI, por isso simplifiquemos o que complicámos anteriormente: Ao invés de calcular percentagens de probabilidade ao milímetro, podemos adoptar a estratégia de dividir as afirmações que estamos a analisar em 4 grandes grupos:

PROVÁVEL

A maior parte dos acontecimentos do nosso dia a dia moram aqui. Uma afirmação (ou explicação) provável leva um rótulo de potencialmente verdadeira até prova em contrário.

PLAUSÍVEL, MAS IMPROVÁVEL

Este é o departamento das afirmações trabalhosas. Especialmente as da subsecção plausível e pouco improvável (a atirar para o lado do provável). Estas afirmações ou explicações devem ser analisadas com cuidado e de preferência confirmadas com factos antes de serem aceites como verdadeiras.

Já as muito improváveis devem ser descartadas sem peso na consciência. Pode o AJA estar a ser assaltado e a escrever sob pressão? Poder pode, mas não é de todo provável. Se ele morasse numa favela do Rio de Janeiro pensava duas vezes nesta hipótese, onde ele mora, não.

POSSÍVEL, MAS IMPLAUSÍVEL

Pode o AJA estar com pressa porque foi convidado para uma reunião super-secreta de super-repórteres que vão revelar toda a verdade? Lamento AJA, não me parece.

Os argumentos que pertencem a esta categoria podem ser descartados sem pensar duas vezes.

IMPOSSÍVEL

Aqui é o mundo dos metafísicos. Podemos confiar nos nossos sentidos? Eu e o AJA existimos ou somos só produto do sonho de uma entidade cósmica? Este impossível é um impossível prático, não é um impossível matemático, há sempre uma hipótese, por mais remota que seja de estarmos a viver na Matrix, mas não me parece que o comum, ou até o incomum, dos mortais deva perder tempo com isto tipo de argumentação.

As afirmações que pertencem a esta categoria podem ser descartados sem pensar meia vez.

Para calcular a veracidade de um conjunto de afirmações, classificamos as afirmações individuais e consideramos a classificação menos provável/mais impossível como resultado final.

Se a frase fosse “gosto disto mas tenho uma loiraça à minha espera”, “gosto disto” é (muito) provável mas “tenho uma loiraça à espera” é implausível (lamento AJA), logo a afirmação é implausível.

Voltando à frase inicial e repetindo o processo feito na seção anterior, mas agora reduzidos a estas categorias. Podemos dizer que ““gosto disto” é (muito) provável e “tenho de ir trabalhar” é (muito) provável, logo a classificação final é (muito) provável. Na ausência de factos, é o mais perto que podemos chegar da verdade.

Factos, queremos factos!

Isto das probabilidades é muito giro, mas só com essa informação não podemos publicar a notícia “AJA abandona conversa para ir trabalhar”. Para isso precisamos de factos: podemos ir espiar o AJA para ver ser está a trabalhar; piratear o PC dele e procurar os emails para ver se o trabalho estava agendado, não vá ter decidido ir trabalhar só para fugir à conversa; podemos inclusive entrevistar os colegas e o editor do jornal.

Após esta verificação, e obtendo resultados positivos, podemos considerar a afirmação verdadeira? Claro que sim, só os PIM é que podem arranjar argumentos para discordar. Vale a pena ouvi-los? Obviamente não, como escreveu, e bem, Almada Negreiros “Morra o Dantas, Morra[m os] PIM”.

Podemos, e devemos, abrir uma excepção feita para assuntos de importância capital e de complexidade elevada como decidir se devemos ou não lançar um ataque nuclear contra outro país. Se calhar aqui convém ouvir os Picuinhas. Quanto aos metafísicos eles que se ouçam uns aos outros e se chegarem a alguma conclusão útil venham cá dizer alguma coisa à malta que está ocupada a viver no mundo real.

É toda a verdade? Talvez não, há sempre a hipótese de haver dados que enriquecem a estória e dão uma imagem mais completa. É mais importante para o AJA trabalhar do que falar comigo? Obviamente não (cof, cof), mas é mais importante ter dinheiro para comer do que falar comigo. Acrescentar que ele trabalha porque, como todos nós, precisa de o fazer para ter dinheiro para viver podia dar uma imagem mais real da verdade. Mas factos como esse são dados como adquiridos pela maioria dos mortais. Acrescentar essa informação seria chover no molhado.

Conclusão

A verdade existe? Sim.

Podemos chegar à verdade? Sim em muitos casos, lá perto em outros e nem por isso nos restantes.

Devemos ouvir a opinião dos Picuinhas Irritantes e Metafísicos. Nope.

Referências

1. Smith, J. What Is ‘System 1’ Thinking—and How Exactly Do You Do It? | Observer. https://observer.com/2017/09/what-is-system-1-thinking-and-how-do-you-do-it/.

2. Kahneman, D. Thinking, Fast and Slow. (2011).

3. Heurística – Wikipédia, a enciclopédia livre. https://pt.wikipedia.org/wiki/Heurística.

4. Metafísica – Wikipédia, a enciclopédia livre. https://pt.wikipedia.org/wiki/Metafísica.

5. Navalha de Ockham – Wikipédia, a enciclopédia livre. https://pt.wikipedia.org/wiki/Navalha_de_Ockham.

6. Princípio KISS – Wikipédia, a enciclopédia livre. https://pt.wikipedia.org/wiki/Princípio_KISS.

7. Teorema de Bayes – Wikipédia, a enciclopédia livre. https://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_de_Bayes.

8. Illouz, E. A brief history of bullshit : Why we ’ ve learned to ignore truth. 1–9 https://www.haaretz.com/israel-news/.premium.MAGAZINE-a-brief-history-of-bullshit-why-we-ve-learned-to-ignore-truth-1.7837206 (2019).

9. Illouz, E. Il n’y a pas de démocratie possible sans vérité. https://www.courrierinternational.com/long-format/idees-il-ny-pas-de-democratie-possible-sans-verite.

  1. O artigo foi publicado em Portugal no Courrier Internacional de Março de 2020 e está disponível online Em Inglês 8 e Francês 9.


Artigo publicado originalmente na Revista Devaneios

Austria, dias de 14 e 15: Viena

E as férias acabaram em Viena.

Viena não precisa de apresentações. É uma bela cidade, com muita cultura, muitos museus, muitos palácios e calma qb.

Quando lá estivemos havia uma festival de cinema ao ar livre com tasquinhas a acompanhar onde enchemos o bandulho com todos os pratos típicos que encontrámos.

Na noite que fomos ao festival o filme era um concerto do Gilberto Gil no Brasil. Foi uma bela maneira de acabar as férias.

Eslováquia, Dias 12 e 13: Bratislava

Hoje trocámos o relativo caos de Budapeste pela calmaria de Bratislava.
O centro de Bratislava é pequeno, pedonal e muito agradável.
Reencontrámos o Ales, um moço que ficou em nossa casa há alguns anos. Como ele ia ficar alojado com um local que também estava a alojar um francês e uma taiwanesa, tivemos direito a ir jantar com eles a um belo restaurante ao qual nunca iríamos parar sozinhos.
Pelo meio de Bratislava encontrámos uma exposição sobre as “party”, as bandoletes/tiaras que eram usadas pelas noivas na Eslováquia. Além de usarem as party e roupas tradicionais as modelos das fotografias foram pintadas com temas desses elementos. Vai ficar na memória…
Para tornar a visita a Bratislava ainda mais memorável, o nosso hotel era num barco no Danúbio.
Enfim, foi a cidade ideal para descansar de Budapeste 🙂

Hungria, dias 10 e 11: budapeste

O nosso primeiro dia em Budapeste coincidiu com o feriado nacional. Milhares de pessoas enchiam as ruas à espera do fogo de artifício que decorreu às 21h00 é após o qual a festa acabou. Não houve mais música ao vivo nem mais tendinhas a vender comida :p
Budapeste é grande e com edifícios grandiosos, mas muitos a precisar de manutenção. Nota-se que a cidade não está à altura da importância que já teve.
Visitamos, nós é hordas de turistas, os monumentos mais importantes, onde não faltaram duas termas 🙂
Além desses monumentos óbvios, e graças às localização dos dois hostels onde ficámos, demos com um antigo edifico de habitação, com pátio no meio, transformado em complexo de bares alternativo com esplanadas, música ao vivo e sei lá o que mais. O Szimpla, uma obra de arte onde o pessoal da área da restauração de Leiria devia fazer uma boa de estudo 🙂

Áustria/Hungria, dia 9: adeus férias, Olá férias

Hoje deixamos o modo “road trip” e entramos em modo “capital hoping”.
Começámos o dia com uma divertida arrumação. Tudo o que não precisamos para a semana que vem teve de caber numa mochila que vai ficar à nossa espera no aeroporto. Foram as horas mais divertidas da viagem NOT!
Depois de largarmos o carro e a mochila no aeroporto, tivemos a divertida aventura de embarcar no comboio. Comprar os bilhetes na maquineta foi fácil. E agora, o que fazer? Nenhuma indicação sobre o nosso comboio, ninguém a quem perguntar. Repito: zero pessoas na estação para prestar informações. Comboios da Áustria: fuck you!
Enfim, um útil cidadão depois de analisar o nosso bilhete lá concluiu que tínhamos de apanhar um comboio que nos levaria à estação central e aí sim apanhávamos o nosso comboio. Isto a cinco minutos de perdermos a ligação.
Claro que chegámos à estação e nada de informação. Mas aí apanhámos um desgraçado que andava nas limpezas que foi bastante prestável, a apanhar o que me pareceu um condutor de comboios que sacou do iPhone é lá viu a hora é a linha do nosso comboio….
Não sei se já tinha dito: fuck you comboios da Áustria
algures na Hungria no comboio a caminho de Budapeste

Cláudio nas Nuvens