Category Archives: Crónica no Região de Leiria

Crónica no Região de Leiria: Factura, não obrigado

Crónica de 7 de Junho de 2013 no Região de Leiria

Apesar de o meu tempo de antena ter acabado, o RL agora distribui tempos de antena avulso e como tal tive direito a mais uma crónica:

 


O episódio “Como Guardar os Ovos” do “Isto é Matemática” (ver YouTube) ajuda-nos a perceber a principal causa da crise que enfrentamos: muito lucro potencial->muito risco->catástrofe garantida.


Foi isso que aconteceu nos mercados financeiros: deslumbrados com os possíveis lucros, os jogadores, alguns sem saberem que o eram, apostaram em produtos sem pés para andar; o mercado, como era previsível, ruiu. Mas a casa nunca perde, o espectáculo tem de continuar e o fim de um jogo anuncia o início do seguinte: jogar com as dívidas de países descartáveis através do círculo vicioso do diminui o ranking/aumenta a taxa de juro.
A situação complicou-se para os países atacados. Foi preciso aumentar impostos para pagar este acréscimo desonesto da dívida, o que levou à queda de governos.


Aqui entra Passos, o nosso Chicago Boy, que desculpando-se com a necessidade de controlar a dívida, inicia o seu sonho de privatizar o país. Para o ajudar, é-nos destacado um psicopata de voz monocórdica que numa das raras vezes que alterou o tom foi para dizer “não fui eleito coisíssima nenhuma”.


É em nome de
sta inarrável narrativa que nos pedem sacrifícios. Pois bem, sacrifícios farei. Ao abrigo do Art.º 21 da Constituição e inspirado pelas ideias de desobediência civil de Gene Sharp, sacrifico o meu empenho no bom funcionamento do país em nome de uma alternativa viável.

O texto também pode ser lido no site do Região de Leira.

 

Crónica no Região de Leiria : O Fim

Crónica de 14 de Dezembro no Região de Leiria

 


Eis-me chegado ao FIM. Quer dizer, não propriamente ao meu fim, mas ao fim da minha colaboração com o Região de Leiria. Foi um ano em que os meus pensamentos saíram do meu Blog e do Facebook para as páginas físicas de um jornal.

Das sensações que escrever para um jornal suscita, destaco o profundo agrado com que chego ao final da linha sem nunca ter recebido uma única indicação sobre o que podia ou não escrever. Teci as críticas que quis, disse as parvoíces que quis, escrevi mal e escrevi bem, mas sempre sem sofrer qualquer tentativa de moldar o meu discurso.


A liberdade de um jornal gerir o seu conteúdo sem interferências externas é uma das grandes conquistas da democracia, mas é uma conquista que podemos perder num abrir e fechar de olhos. Um jornal para ser isento precisa de ser financeiramente independente e para isso precisa de vender. Tirando desportivos e sensacionalistas, não há grande hábito de comprar jornais em Portugal e com a instalação da actual crise o cenário piorou muito.

Por este andar, os jornais ou fecham ou têm de ficar (ainda mais) dependentes de terceiros, sejam os anunciantes, os grupos que os detêm ou o poder político do momento. Não nos podemos dar ao luxo de deixar a imprensa livre chegar ao FIM. Quem acha que pagar um Euro por um jornal é muito, não está bem a ver o preço a pagar por não ter jornal para comprar.

 

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Crónica no Região de Leiria : “Fade In” Rules!

Crónica de 23 de Novembro no Região de Leiria

 

Foi em 2005, mas lembro-me como se fosse ontem. Eu e a João na esplanada do café do Mercado de Sant’Ana a apreciar a movimentação que se fazia sentir antes das portas abrirem para o concerto da “the Living Jarboe”. Na altura, o nosso conhecimento musical tinha ares de insípido e estávamos hesitantes se havíamos ou não de ir ao concerto. Não fazíamos a mínima ideia do que sairia dali e a dúvida sobre como classificar o tipo de música por parte de um antigo colega de escola que ia ao concerto deixou-nos ainda mais apreensivos. Afinal que raio de concerto era aquele que não tinha classificação possível?

Foi o nosso primeiro concerto da Fade In. Agora, passados mais de trinta, segundo as contas dos bilhetes na parede, já aprendi que há estilos difíceis de classificar e que isso até nem sequer é importante. Já ouvi e vi de tudo um pouco graças à Fade In, quase sempre sem saber ao que ia. Alguns estão na minha lista de concertos favoritos, outros simplesmente gostei e uns poucos nem por isso. Mas nunca fiquei com a sensação de que mais valia ter ficado em casa, mesmo não se gostando, há sempre algo positivo que fica.

Escrevo na véspera de ser anunciado o cartaz para o EntreMuralhas 2013. Estou certo que não vou conhecer a maioria das bandas, mas não estou preocupado.  A Fade In sabe o que vale a pena ouvir e só não estarei presente se não puder.

 

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Crónica no Região de Leiria : O Pensamento Crítico

Crónica de 2 de Novembro no Região de Leiria

As crianças são como esponjas no que toca a informação. Absorvem e acreditam em tudo o que se lhes diz, mesmo as coisas mais bizarras e é por isso importante ensiná-las a pensar e a questionar.
Já existe uma disciplina focada em ensinar estas competências a crianças, mas teima em não vingar nas nossas escolas primárias, o que é uma pena. Falo da filosofia para crianças, uma disciplina onde as crianças são “convidadas” a dialogar sobre temas complexos. Além disso, a filosofia para crianças também ensina valores morais o que a torna a candidata natural para substituir a ultrapassada formação religiosa.

Noutro extremo, temos os idosos, vitimas constantes de burlões que com muita facilidade os convencem a entregar-lhes os seus valores. Temos neste momento várias universidades seniores no distrito. Alguma delas fornece formação em pensamento crítico? Estou certo que além de útil, despertaria muita curiosidade.

No meio, estamos nós, os que já abandonaram uma ponta e vamos a caminho da outra. Também nós temos de estar atentos, a sociedade moderna é complexa e um espírito atento e crítico é fundamental.

Mas enquanto o pensamento crítico não vai à sociedade, que se dê o inverso, e é nesse espírito que se vai realizar este Sábado na biblioteca da Nazaré uma conferência sob o tema “realidade ou ficção” onde o protagonista vai ser o pensamento crítico.

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Hoje não há notas de rodapé. Fizeram greve, as malucas!

Crónica no Região de Leiria : A Dor

Crónica de 12 de Outubro no Região de Leiria

 

O cérebro é um órgão muito organizado: os movimentos são processados numa região, a visão noutra, a audição ainda noutra e por aí afora1. Tudo no cérebro tem o seu local. Tudo, à excepção da dor. A dor afecta todo o cérebro como um irritante sino de igreja que não deixa ninguém dormir. Enquanto houver dor, se suficientemente forte, o cérebro fica paralisado e não faz mais nada2.

Portugal também está paralisado pela dor. A dor que veio sob a forma de crise e que ameaça tornar-se crónica e incapacitante graças à receita da austeridade. As pessoas estão a ficar sem dinheiro. Sem dinheiro não há consumo, fecham lojas, fecham restaurantes, fecham fábricas. O estado recebe menos impostos e tem de gastar mais com ajudas sociais3. E qual é a resposta que tem sido dada? Mais impostos, o que aumenta a dor e agrava a paralisia.

Também eu me sinto paralisado por esta dor que me atrofia o pensamento e me aumenta o sentimento de culpa. Sinto-me culpado se penso em ir a um concerto, sinto-me culpado por estar a gastar tempo na organização de um evento de divulgação científica4. Não faria mais sentido envolver-me mais no combate à dor e aos seus agentes?

Escrevo a 5 de Outubro de 2012, o dia em que, como que em luto pelo estado paralisado do país, as comemorações do dia da República foram vedadas aos Portugueses. Faria sentido escrever sobre outra coisa?

 


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1 –  http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro_humano

2 – Li  (ou ouvi) um artigo de neurobiologia que dizia que a dor era sentida no cerebro inteiro, agora só consigo achar artigos que mapeam a dor para zonas especificas.
Catano, cometi um flop? Espero que não, vou dar uma volta mais atenta a ver o que encontro.

3 – Veio mesmo a calhar esta notícia : http://economia.publico.pt/Noticia/fmi-reconhece-que-calculou-mal-o-impacto-da-austeridade-na-economia-1566589

4 – 3 de Novembro de 2012, Nazaré : http://comcept.org/comceptcon-2012-realidade-ou-ficcao/

 


	

Crónica no Região de Leiria : Todos Juntos

Crónica de 21 de Setembro no Região de Leiria

 

“Coiso e tal, isto e aquilo, e já agora decidi reduzir os vossos salários em 7% e entregar esse valor às empresas. E agora vão ver a selecção jogar para afogarem as mágoas enquanto eu me vou divertir à brava num concerto do Paulo de Carvalho1”.

Não deve ter sido bem assim que se passou, mas é a memória que tenho daquela noite surreal, em que o Pedro conseguiu unir os Portugueses como só Scolari tinha feito. Foi a noite em que ele mostrou o jogo todo, o plano que tem para Portugal e o que espera dos Portugueses. Estes obviamente não gostaram e nem o facto de ser dono de um semblante honesto e de uma voz grave (atributos que está provado serem dos factores que mais influenciam o voto dos eleitores2) o salvou. Portugal veio para a rua como há muito não acontecia e um pouco por todo o lado as pessoas juntaram-se para mostrar a sua indignação.

Na Marinha Grande, e correndo o risco de errar, eu diria que éramos entre duas a três mil pessoas, o que num concelho com cerca de 40 mil habitantes me parece significativo. A manifestação foi morna, facto que não me surpreende, pois devia haver muitos como eu, novatos nestas andanças e sem grande jeito para palavras de ordem ou para bater nos tachos. No entanto, demos o corpo, estivemos lá e acho que o mais importante foi conseguido: uma grande mancha humana a percorrer a cidade por um objectivo comum.


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http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2012/09/08/primeiro-ministro-assistiu-ao-concerto-de-paulo-de-carvalho-depois-de-anunciar-mais-austeridade
   e claro, vale sempre a pena ouvir o Bruno Nogueira :
http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=904110&audio_id=2775463
2 Há muitos estudos nesse sentido, aqui ficam 2:
 http://muse.jhu.edu/journals/wp/summary/v062/62.4.lawson.html
 http://www.livescience.com/19028-voice-pitch-presidential-elections.html

Crónica no Região de Leiria : Era uma Vez um Estado Laico

Crónica de 31 de Agosto no Região de Leiria

 

A. Maslow, psicólogo Norte-Americano, propôs em 1943 uma pirâmide de necessidades em que as de nível mais baixo teriam de ser satisfeitas antes de haver preocupações com as de nível superior. Nos níveis mais baixos colocou as necessidades fisiológicas seguidas das óbvias como família, saúde e emprego; nos níveis mais altos, a moralidade, a ausência de preconceitos e o respeito1.

Estamos neste momento a braços com uma grave crise económica que remete as pessoas a preocuparem-se exclusivamente com a base da pirâmide. Como a História demonstra2, é nestas alturas de inevitável egoísmo que os sistemas totalitários3 têm as portas abertas para ditarem os seus disparates sem grande oposição.

É pois com apreensão que vejo a teocracia do Vaticano a dizer à Republica Portuguesa quais os feriados nacionais que pode suprimir4 ou que leio o respeitado professor de economia César das Neves a sonhar com o inferno5 para quem não partilhe dos seus delírios e a tentar apagar da História os crimes da sua Igreja6.

E como várias desgraças nunca vêm sós, de acordo com o jornal “O Mirante”, os autarcas de Ourém querem que as comemorações do dia de Portugal em 2013 sejam realizadas em Fátima7.

Deve ser uma sugestão movida por interesses económicos, mas o simbolismo de ter Portugal celebrado de joelhos sob a imaginária protecção divina é preocupante.


O texto também pode ser lido no site do Região de Leira.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow

http://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_de_1929
   e http://pt.wikipedia.org/wiki/Causas_da_Segunda_Guerra_Mundial
   e  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_Nacional
http://pt.wikipedia.org/wiki/Totalit%C3%A1rio
4  
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=534176&tm=8&layout=121&visual=49
5  Por exemplo : http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2614567&page=-1
    ou http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2193848&page=-1
+ http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2205846&page=-1
6 Por exemplo : http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2680663&page=-1
   e http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2003588&page=-1
http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=&id=53047&idSeccao=479&Action=noticia

Crónica no Região de Leiria : Dividir Para Reinar

Crónica de 10 de Agosto no Região de Leiria

O sentimento de pertença a um grupo é um sentimento extremamente forte e provavelmente vem dos tempos pré-históricos em que os humanos viviam em pequenas tribos familiares e a união da família/tribo contra as outras na luta pelos recursos era um factor de sobrevivência.

Hoje em dia, esse instinto básico é explorado ao máximo muitas vezes irracionalmente como no desporto e na política:
– Os clubes de futebol não passam disso mesmo, clubes de futebol; e no entanto há malta que anda à pancada por eles.
– Muitos adeptos de partidos defendem o seu partido mesmo quando as politicas defendidas pelo partido vão contra os seus interesses.
Há estudos interessantes que mostram que mesmo grupos criados “artificialmente” fomentam o sentimento de pertença e o desejo de o nosso grupo vencer aos outros mesmo que os grupos ganhassem mais se colaborassem (vale MESMO a pena ler o Previsivelmente Irracional do Dan Ariel sobre esta e outras burridades do raciocínio humano).

É óbvio que existem grupos, e é óbvio que alguns grupos que têm interesses opostos e de importância para a vida das pessoas (não de certeza os clubes de futebol!) mas convém não aceitar cegamente discursos fáceis e populistas de “a culpa é do grupo X”.

hhhhmm..quase que escrevi outra crónica… isto foi só uma introdução sobre o assunto que tem muito para dizer. A crónica que saiu no RL começa aqui:

Mitt Romney, milionário e candidato à presidência dos EUA paga, segundo o próprio, cerca de 15% de impostos1, valor abaixo da média nesse país2. Warren Buffet, autor da célebre frase “Há uma guerra de classes, mas é a minha classe, a dos ricos, que a está a fazer, e estamos a ganhar”3, afirma que paga em percentagem menos impostos que os seus empregados4.

Os políticos Norte-Americanos que defendem impostos baixos para os ricos, dizem que são os ricos que criam riqueza e emprego e como tal devem ser favorecidos para poderem criar ainda mais5. Mas, e quem vota nessas ideias, fá-lo também por essa razão? Há quem diga que não6, que quem vota a favor de baixos impostos para os ricos, fá-lo porque acha que também um dia será ric@ e, como tal, está a votar para proveito próprio.

Este optimismo exagerado é típico nos EUA, e se por cá esse defeito é raro, existem males parecidos: há muitas pessoas que se identificam com discursos anti-outros sem se aperceber que estão mais perto desses outros do que do autor do discurso.

Da próxima vez que ouvir uma figura pública a culpar os desempregados, os funcionários públicos, os imigrantes ou até – pasme-se! – os homossexuais7 pelos problemas do país, pense duas vezes antes de apoiar esse discurso, é que provavelmente quem o está a fazer, também está a pensar em todos nós que usamos serviços públicos.

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ADENDA : 10 de Setembro  de 2012

Nem de propósito voltou à baile esta conferência do TED : Não São os Ricos Que Criam Empregos, São os Consumidores

Crónica no Região de Leiria : O Sr. Higgs e o Cientista Vudu

Crónica de 20 de Julho no Região de Leiria.

Tenho alturas em que tenho vontade de desistir de tentar chamar a atenção das pessoas para estes fdp.
Saber que dão tempo de antena (e dinheiro) na televisão à Eunice Carvalho (a burlona que usa o nome de Maya) para ela dizer umas m****s sem ponta por onde se lhe pegue onde vai ao absurdo de dar conselhos médicos, dá-me vótimos!
Que c****lho!!! o que se passa com as pessoas? é assim tão dificil de perceber que a gaja não passa de uma borluna a dizer parvoíces?

 

O acumular de conhecimento é um fenómeno curioso: tem evoluído a passos cada vez mais largos mas ao mesmo tempo continuamos a não conseguir largar superstições que deviam ter ficado para trás algures na idade média. 

Se não, vejamos: há cerca de quinze dias foi descoberta uma nova partícula subatómica que tudo indica ser o bosão de Higgs e que terá sido fundamental para a criação do Universo. Bem, é possível nesse mesmo dia ter encontrado no seu carro um pequeno folheto de um qualquer “cientista astrólogo vudu” prometendo que “torna invulnerável qualquer pessoa que o queira ser” e que, para o tranquilizar, tenta seduzi-lo com a falsa promessa de que só precisa efectuar o “pagamento após resultado”.


Tenho de reconhecer que esses folhetos não deixam de ser uma literatura divertida. Tive o cuidado de guardar todos os que colocaram no meu carro nos últimos meses e tem valido a pena. Dos vinte personagens a dar “consulta” com morada em Leiria há de tudo um pouco. Começando pelos títulos inventados, temos professores, videntes e espiritualistas. Quanto aos serviços, há desde “fazer emagrecer ou engordar”, passando pelos habituais “protecção contra mau olhado” e “sorte no trabalho” até ao enigmático “exame do sexo para ter força no amor”.

É giro de ler, só é pena haver pessoas que levem isto a sério e estejam dispostas a pagar por estas quimeras.

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Crónica no Região de Leiria : Coisas e Coisos

Crónica de 29 de Junho no Região de Leiria.

No FaceBook do Região de Leiria costumam colocar uma foto da página do jornal que contêm os artigos de opinião e um pequeno texto sobre os artigos.
Esta semana escreveram “Cláudio Tereso fala da sua viagem a uma exposição na Marinha Grande”. Ahah, certo, certo.

Eu gosto de Coisas. Sou por vocação e oportunidade um viajante ocasional e sempre que posso deixo a Marinha Grande e vou à descoberta. Não sou esquisito com o tipo de destino, mas sou particularmente fã de grandes cidades. Nelas há sempre muito para ver, muitos pormenores, muitas Coisas. Gosto de observar as pessoas na sua rotina, apreciar os edifícios, visitar os bares, passear nos parques e gosto especialmente de arte urbana. Nada como objectos coloridos ou cinzentos, disformes ou nem por isso, despropositados ou contextualizados, largados ao acaso por uma cidade para me deixar bem disposto.

E foi isso que aconteceu um dia destes ao entrar no Parque da Cerca no centro da Marinha ao deparar-me com a exposição de arte urbana que lá se encontra instalada. Senti-me transportado para uma Cidade onde acontecem Coisas, uma cidade onde dá gosto viver. Uma sensação rara aqui por estes lados.

 Eu não gosto de Coisos. Quem diz Coisos, diz selvagens, grunhos, vândalos. Não se costumam ver, mas andam por todo o lado e não são esquisitos. Tanto apreciam pavilhões desportivos (Alvaiázere), como percursos na natureza (Pia do Urso e Bezerra) e também, pelos vistos, arte urbana. É verdade que têm bom gosto, mas a sua maneira de apreciar não me entusiasma muito. Preconceito meu, talvez.

 PS: Já foram ver a exposição? Não? Então do que estão à espera?

 

O texto também pode ser lido no site do Região de Leira ou na edição em PDF do Região de Leiria.