Category Archives: DN – Publicado/Respondido

e-mail enviado ao DN relativo a notícia sobre acupunctura

Assunto :  Noticia sobre acupunctura na capa do suplemento DN Classificados do dia 1 de Fevereiro

Pode ler-se no estudo citado no artigo e disponível na Internet : “encontrámos significantes, mas não clinicamente relevantes, benefícios para quase todos os resultados secundários nos três grupos de acupunctura em comparação com o grupo controle” e acaba com “Interpretação:  a acupunctura testada parece ter um efeito clinicamente menor/de pouca relevância sobre a profilaxia da enxaqueca em comparação com acupunctura falsa.” (tradução minha, favor ver texto original).

Infelizmente, e como de costume, os dados apresentados na noticia são tendenciosos e omitem os resultados que não confirmam o esperado por quem faz a noticia.Além disso, não é de menor importância referir que o estudo não é duplo-cego, ou seja, quem aplicava o tratamento sabia que estava aplicar um método de controle, e isso faz toda a diferença, especialmente quando estamos a falar de tratamentos cujo resultado é obtido graças aos “mimos” que são passados ao paciente e não graças ao tratamento em si.

Também é de  salientar que no site oficial do governo Norte-Americano em que este estudo foi registado não foram colocados dados sobres os resultados o que, na minha opinião, aconteceu porque os resultados não foram o que esperavam.

E depois de uma noticia tendenciosa sobre um estudo médico ainda se dão ao desplante de fazer publicidade. Fico com a ideia que aquilo não é uma noticia e sim um infomercial feito conscientemente e quem sabe até pago pelo Centro de Terapias Chinesas.
Podem consultar a noticia do estudo em : http://www.cmaj.ca/content/early/2012/01/09/cmaj.110551
Podem consultar o estudo aqui : http://clinicaltrials.gov/show/NCT00599586
Nota que devia ser desnecessária para jornalistas que usam estudos interpretados pelos interessados: nunca, mas nunca confiar nas sínteses/traduções feitas por eles.

 

ACTUALIZAÇÃO : Resposta do Provedor do DN (em tempo record!!!!, demorou menos de 2 hora)

Caro leitor Cláudio Tereso:

Procurei inteirar-me do assunto que me apresentou e fui informado de que o suplemento DN Classificados é inteiramente comercial, pelo que a questão foi remetida à Direção Comercial. Agradeço-lhe, no entanto, o alerta, que foi enviado ao diretor comercial, não vá dar-se o caso de o DN estar a incorrer, involuntariamente, em publicidade enganosa.

Com os meus melhores cumprimentos

Oscar Mascarenhas

Provedor do Leitor do DN

(provedordoleitor@dn.pt)

 

ACTUALIZAÇÃO 02/03/2011 :  Texto do provedor no DN de 18 de Feveiro

O segundo episódio surgiu porque um leitor muito atento, Cláudio Tereso, procurou confirmar informações no que pensou ser uma notícia. Tratava-se de um texto sobre os méritos da acupunctura no alívio de enxaquecas, publicado na primeira página do caderno “Classificados”. Como o texto referia conclusões de uma revista científica, o leitor deu-se ao trabalho de verificar e apurou que a publicação concluía exatamente o oposto do que era referido no texto do DN: a acupunctura tradicional chinesa não tem efeitos muito diferentes da sham acupuncture (acupunctura fingida) no alívio de enxaquecas.

Procurando saber como é que tal informação fora publicada no DN, fui informado pela Direção que a inserção do texto foi da responsabilidade da Direção Comercial. Esta confirmou que o artigo era “da responsabilidade do Centro de Terapias Chinesas, enviado pela agência de comunicação Inforpress”.

O leitor, aliás, já suspeitava que fosse um artigo publicitário, mas protestava pelo facto de não aparecer qualquer referência expressa a publicidade. “Defendeu-se” a Direção Comercial: “Efetivamente, o 2.º caderno do DN é na sua totalidade um caderno comercial, logo toda a informação aí contida é de âmbito comercial pelo que, automaticamente, se encontra ao abrigo da publicidade.”

A verdade é que a explicação não convenceu o leitor – nem a mim. Na mesma página em que aparece esse artigo há três pequenas referências “Publicidade” a outros tantos anúncios. Se o artigo principal não a tem é porque não é “Publicidade” – ou alguém quer deixar o leitor no equívoco. E tem sido essa a prática em todas as primeiras páginas do caderno “Classificados”. Isso é inaceitável. A Direção do jornal, como primeira responsável por tudo quanto nele se publica, seja informação, seja publicidade, informou-me que vai por termo a esta “ratoeira” ao leitor.

in DN

ACTUALIZAÇÃO 02/03/2011

Estive agora a consultar o DN e o artigo de capa do caderno “Classificados” do DN já vem enquadrado com a indicação: “CONTEÚDO COMERCIAL”.

palminhas para mim … :- )

JCN e o Natal

João César das Neves escreveu no DN um conto de Natal que só lembra ao Diabo.

Podem ler aqui e aqui. Em resposta enviei ao DN o seguinte e-mail:

Já não nos bastava termos os políticos a enfiarem-nos a austeridade pela goela abaixo enquanto nos tentam convencer que a culpa do estado da economia é nossa e o caminho por onde nos querem levar é para nosso bem. Pelo vistos, temos também de aturar os religiosos a dizerem-nos que não só devemos aceitar este caminho, mas que o devemos fazer  caladinhos e até ficarmos agradecidos por podermos mostrar o nosso valor nesta dura provação. Não há nada mais hipócrita que vir, de barriga cheia, dizer a quem vai passar fome, que deve aceitar esse fardo (como um burro carrega o seu) que isso o levará ao céu. Pensei que já nos tínhamos visto livre deste discurso há uns séculos atrás, mas pelos vistos está de volta e como não podia deixar de ser pela mão de João César das Neves que no seu conto de Natal em forma de evangelho da desgraça divide as pessoas entre “grandes apóstolos, os mártires heróicos, pastores atentos, doutores sublimes, virgens puras, santos incomparáveis” e nós, as pessoas normais, aliás os burros. É um texto medonho, sem qualquer respeito pela igualdade entre as pessoas, uma memória de tempos passados e que não traz nada de bom. Ler os textos de JCN e ouvir Ratzinger apelar à humildade dentro das suas vestes douradas é uma amostra da sua visão distorcida do mundo: eles de barriga cheia com direito automático ao céu por serem doutores, e nós, os burros, que temos direito ao céu se aceitarmos caladinhos o que nos querem impor. Esta conversa da treta funcionou em tempos quando os “doutores” conseguiam manter as pessoas analfabetas, não funcionará agora.

Como estava com a mão na massa respondi também a esta crónica do Anselmo Borges:

Publicado muito ligeiramente modificado abreviado na secção de leitores do DN em 30/12/2011

É hilariante ver Anselmo Borges, um representante de uma religião que dominou o mundo durante séculos usando como arma a interpretação tendenciosa e interesseira de um conjunto de textos de ficção, vir-se queixar de José Rodrigues dos Santos fazer o mesmo. Os estudiosos da bíblia sabem perfeitamente que a esmagadora maioria da bíblia é ficção. Sabem que quem escreveu a bíblia nunca conheceu Jesus o que torna as suas histórias, e até a existência de Jesus, muito provavelmente falsas. Sabem, mas não se preocupam, o que interessa é os crentes não saibam. Não lhes interessada se os textos são falsos ou verdadeiros, basta-lhe que os crentes acreditem. e sempre  que sai a publico informação que coloca as pessoas a duvidar, ficam histéricos e reagem dizendo “…mas isso não é novidade nenhuma”. Sinceramente, já não há paciência para tanta hipocrisia e falsidade.

Certificação de Software de Facturação

E-mail enviado ao Diário de Noticias e ao Região de Leiria.

  • Publicado, ligeiramente abreviado, no DN  do dia 14/12/2010 com o título “Quem manda no País”.
  • Publicado, ligeiramente abreviado, no Região de Leiria do dia 23/12/2010 na secção “Cartas do Leitor” com o título “Quebra-cabeças para as empresas”.


Nos últimos anos tem sido pedido às empresas um esforço significativo nas suas obrigações fiscais. Esse esforço é não só financeiro devido à obrigatória constante actualização de software, mas também organizativo devido à necessidade de alteração de processos. A certificação de software que dita cegamente que não se pode alterar documentos que se destinem aos cliente depois de finalizados, é um grande quebra cabeças para as empresas especialmente para as que fazem exportação. Entendo que seja necessário evitar a fuga ao fisco e que este é um bom método, apesar de na minha opinião as grandes dificuldades que causam em quem cumpre anularem completamente as vantagens do sistema. O que já não compreendo é a alínea da portaria que diz que “excluem-se do disposto … os programas de facturação utilizados por sujeitos passivos que … utilizem software produzido internamente ou por empresa integrada no mesmo grupo económico”, ou traduzindo para Português : “estão isentos deste grande molho de brócolos os grandes grupos económicos”.

É muito triste ver que apesar da crise e das exigencias que nos pedem quem manda no país não são os politicos eleitos mas as empresas que os apoiam e financiam. A constatação cada vez mais evidente, de que não vivemos numa democracia mas numa plutocracia, enoja-me e entristeci-me.

Cláudio Tereso
Marinha Grande

Fé vs Ciência

Alberto Gonçalves armou-se ontem no DN em teólogo no seu texto “Deus e os dados”. Tenta menosprezar a afirmação de Stephen Hawking (“Não é necessário que evoquemos Deus para iluminar as coisas e criar o universo”) com um texto filosófico completamente inócuo. Eu dei-lhe o troco na mesma moeda:
“Alberto Gonçalves, sociólogo com coluna no DN e com tiques de teólogo, acordou certa manhã e decidiu que Deus existe. Apesar de se dizer não crente acha que a fé é suficiente para justificar a existência de Deus e que a ciência não tem “poder” sobre a fé. Evoca Oakeshott, um filósofo conservador que faleceu há 20 anos, uma eternidade em termos de pensamento e descobertas cientificas, para justificar o erro que é misturar fé com ciência.

Já não vou a tempo de informar Oakeshott, mas posso informar Alberto Gonçalves que graças à psicobiologia, à neurobiologia e outras ciências semelhantes “brevemente” saberemos a origem da fé, que, digo eu, deve ficar alojada no cérebro algures entre a imaginação e o desejo. É óbvio que perceber porque e de onde vem a fé não vai acabar com Deus. Primeiro porque algumas (muitas) pessoas precisam de fé para aguentarem as agruras da vida e depois porque a religião é um industria absurdamente rentável e obviamente que os seus protagonistas não estão disponíveis para perder os seus rendimentos. Para Alberto Gonçalves Deus pode existir sem ser real, isto porque existe na fé, parente próxima do sonho, onde as coisas podem existir e não ter que dar provas da sua existência. Filosoficamente divertido, mas completamente irrelevante em termos de compressão da Nossa existência.”

(publicado na secção de leitores do DN de 7/Set/2010)

O perigo da interpretação de textos alheios

Escrevi para o DN um texto a criticar a religião que o ?editor de opiniões do leitor? não percebeu e pensou que eu estava a criticar o futebol.

A minha opinião apareceu no DN com uma foto do benfica e com o título: “A forma exagerada como em Portugal se vive o futebol e a forma como este desporto se tornou uma metáfora da vida cultural do país são criticados por este leitor.” Além disso e sem razão nenhuma, apareceu no jornal : “Cláudio Tereso, Lisboa”.

Apesar de ter de assumir parte da culpa do engano, pois o assunto da mensagem que devia ser “Fátima e Futebol” foi por engano “Fado e Futebol”, não deixa de ser uma lição sobre a facilidade com que se deturpam mensagens.

Se uma mensagem escrita por A foi mal interpretada por B (que a leu, sem alterações,  poucas horas depois), imaginem o que acontece a uma mensagem passada oralmente durante anos por A, B , F, G, Y, U….. e depois passada a escrito por H, S, E….. e traduzida por O, P, U ao mesmo tempo que foi, umas vezes de propósito outras vezes por ignorância, alterada por Q,W…. . Acham mesmo que passadas centenas de ano, Z, faz a mais pequena ideia de qual era o intuito da mensagem original? Acham mesmo que se deve usar essa mensagem como guia de vida?

Já agora, o texto em resposta a ESTE artigo de JCN era o seguinte:

Parabéns a João César das Neves por ter reduzido a religião ao que ela é: um espectáculo para entreter, de onde o publico (às vezes) sai com a alma mais alegre e os jogadores, com os bolsos cheios.

A nós, que não vemos a bola (a real e a metafórica), tudo isto nos parece muito estranho. Como é possível as pessoas estarem de tal maneira hipnotizadas pelo futebol a ponto de não perceberem que a bola é só um meio de as usar para obter poder e dinheiro?

Para ser honesto, tenho de admitir que muitos percebem isso, mas o fascínio pela bola (só equiparado ao fascínio das traças pelas lâmpadas) é tanto que não se importam.

Para alguns de nós é indiferente esta loucura à volta deste desporto, para outros causa pena a dependência das pessoas e ainda a outros raiva, a maneira como os “donos da bola” manipulam as pessoas. Mas, de uma maneira geral, passa-nos ao lado. E, enquanto os fanáticos vão ao futebol, nós lemos livros, vamos ao cinema, viajamos e conversamos com os amigos.

Só é chato é à vezes a bola sair do campo e virem celebrar para a rua, obrigando-nos a partilhar a sua exagerada manifestação de fé.

É a vida…

Cláudio vs João César da Neves : Round ….hhmmm.. bué!

O alucinado de serviço do Diário de Noticias escreveu um belo “Conto de Natal” que se não fosse tão ridículo era comovente.
Eu, claro; enviei a minha opinião sobre tão estupidificante prosa, e eles… publicaram.
Haja paciência para ainda se darem aos trabalho de ler os meus e-mails! Para que fique registado para a posteridade mais um e-mail meu publicado no DN, aqui vai o texto em questão (entre [] os termos que devia ter usado, mas que por falta de reler vezes suficientes antes de enviar para o DN me escaparam):

O Sr César das Neves é um brincalhão. Então não é que escreveu um texto a exaltar a SUA religião, o Cristianismo, por ela ser a “única que não tem no seu centro livros, cultos” e não se basear em “aprender dogmas, rezas, ofertas ou mandamentos”? Não anda muito longe da verdade com estas declarações, mas deve ter tido um ataque de amnésia e esqueceu-se que a sua [SUA] religião é o Catolicismo que assenta exactamente nesses pressupostos. Ou será que nas missas que o Sr César das Neves frequenta não há bíblias, e rezas? E já agora, seria útil o Sr César das Neves reler as suas crónicas para ver a quantidade de vezes que escreveu sobre [defendeu] dogmas e mandamentos.

In DN (Correio dos Leitores), de 23/12/2009