Assunto : Noticia sobre acupunctura na capa do suplemento DN Classificados do dia 1 de Fevereiro
Pode ler-se no estudo citado no artigo e disponível na Internet : “encontrámos significantes, mas não clinicamente relevantes, benefícios para quase todos os resultados secundários nos três grupos de acupunctura em comparação com o grupo controle” e acaba com “Interpretação: a acupunctura testada parece ter um efeito clinicamente menor/de pouca relevância sobre a profilaxia da enxaqueca em comparação com acupunctura falsa.” (tradução minha, favor ver texto original).
Infelizmente, e como de costume, os dados apresentados na noticia são tendenciosos e omitem os resultados que não confirmam o esperado por quem faz a noticia.Além disso, não é de menor importância referir que o estudo não é duplo-cego, ou seja, quem aplicava o tratamento sabia que estava aplicar um método de controle, e isso faz toda a diferença, especialmente quando estamos a falar de tratamentos cujo resultado é obtido graças aos “mimos” que são passados ao paciente e não graças ao tratamento em si.
Também é de salientar que no site oficial do governo Norte-Americano em que este estudo foi registado não foram colocados dados sobres os resultados o que, na minha opinião, aconteceu porque os resultados não foram o que esperavam.
Caro leitor Cláudio Tereso:
Procurei inteirar-me do assunto que me apresentou e fui informado de que o suplemento DN Classificados é inteiramente comercial, pelo que a questão foi remetida à Direção Comercial. Agradeço-lhe, no entanto, o alerta, que foi enviado ao diretor comercial, não vá dar-se o caso de o DN estar a incorrer, involuntariamente, em publicidade enganosa.
Com os meus melhores cumprimentos
Oscar Mascarenhas
Provedor do Leitor do DN
ACTUALIZAÇÃO 02/03/2011 : Texto do provedor no DN de 18 de Feveiro
O segundo episódio surgiu porque um leitor muito atento, Cláudio Tereso, procurou confirmar informações no que pensou ser uma notícia. Tratava-se de um texto sobre os méritos da acupunctura no alívio de enxaquecas, publicado na primeira página do caderno “Classificados”. Como o texto referia conclusões de uma revista científica, o leitor deu-se ao trabalho de verificar e apurou que a publicação concluía exatamente o oposto do que era referido no texto do DN: a acupunctura tradicional chinesa não tem efeitos muito diferentes da sham acupuncture (acupunctura fingida) no alívio de enxaquecas.
Procurando saber como é que tal informação fora publicada no DN, fui informado pela Direção que a inserção do texto foi da responsabilidade da Direção Comercial. Esta confirmou que o artigo era “da responsabilidade do Centro de Terapias Chinesas, enviado pela agência de comunicação Inforpress”.
O leitor, aliás, já suspeitava que fosse um artigo publicitário, mas protestava pelo facto de não aparecer qualquer referência expressa a publicidade. “Defendeu-se” a Direção Comercial: “Efetivamente, o 2.º caderno do DN é na sua totalidade um caderno comercial, logo toda a informação aí contida é de âmbito comercial pelo que, automaticamente, se encontra ao abrigo da publicidade.”
A verdade é que a explicação não convenceu o leitor – nem a mim. Na mesma página em que aparece esse artigo há três pequenas referências “Publicidade” a outros tantos anúncios. Se o artigo principal não a tem é porque não é “Publicidade” – ou alguém quer deixar o leitor no equívoco. E tem sido essa a prática em todas as primeiras páginas do caderno “Classificados”. Isso é inaceitável. A Direção do jornal, como primeira responsável por tudo quanto nele se publica, seja informação, seja publicidade, informou-me que vai por termo a esta “ratoeira” ao leitor.
in DN
ACTUALIZAÇÃO 02/03/2011
Estive agora a consultar o DN e o artigo de capa do caderno “Classificados” do DN já vem enquadrado com a indicação: “CONTEÚDO COMERCIAL”.
palminhas para mim … :- )