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Porrada, que eles merecem!

Texto enviado ao DN em resposta dos seguintes artigos de Maria José Nogueira Pinto e, claro, João César das Neves:

A nona bem-aventurança e Crucifica-o! de João César das Neves

Crime Pecado e Cruz de  Maria José Nogueira Pinto

“É ou não é verdade que elementos bem colocados na hierarquia da Igreja Católica esconderam autores de crimes sexuais da justiça ? É ou não é verdade que Joseph Ratzinger, actual chefe da Igreja Católica, se negou a suspender um padre acusado e condenado por pedofilia para “bem da igreja universal”? Se para a maioria das pessoas estas acusações são gravíssimas e deviam ser suficientes para levar todos os envolvidos à barra do tribunal, para os indeflectiveis indefectíveis João Cesar das Neves e Maria José Nogueira Pinto isto é secundário. O que é importante é continuar a defender o bom nome da igreja universal e se para isso for preciso esconder estes criminosos no meio de nuvens de fumo feitas de vitimizações e aldrabices descaradas, que seja. “Bento XVI assumiu o escândalo” diz Nogueira Pinto. Claro que assumiu, depois de o ter escondido por décadas e já não mais ser possível fazê-lo! Ataca ainda a “moral laica” pela sua caminhada acelerada esquecendo-se que se não fosse a “moral laica” estaria neste momento em casa com cinco filhos a cozinhar para o marido. Quando ao texto de seu nome “a nona bem-aventurança” de Cesar das Neves tem tantas aberrações históricas que é impossível enumera-las. Só apetece dizer: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que dizem” (adaptado de Lucas 23, 34)”

Os talibãs e a educação

Os talibãs continuam por todos os meios a tentar moldar a sociedade onde estão inseridos à sua maneira de pensar.

Uma das melhores maneiras de o fazer é limitar a informação que chega aos jovens adaptando os currículos escolares ao que interessa transmitir.

E assim, enquanto meio mundo se revolta com as madraças muçulmanas no Irão, as madraças cristãs no Texas vão fazendo o mesmos trabalho que as suas congéneres mas sem ninguem as chatear.

«Há mais páginas dedicadas a Ronald Reagan. Mas as lições sobre o “pai fundador” Thomas Jefferson desaparecem. Numa decisão controversa, que poderá ter repercussões por quase todo o país, o Conselho de Educação do estado do Texas acaba de votar favoravelmente uma proposta de revisão do currículo escolar da disciplina de Estudos Sociais, obrigando à reescrita dos manuais do ensino secundário. O conteúdo será “ajustado” de forma a promover uma mensagem de inspiração cristã.

Num voto de 11-4, dominado pelos membros republicanos daquele conselho estadual, ficou determinado que os livros que os estudantes do Texas actualmente utilizam serão substituídos por outros novos, de acordo com um novo programa de cariz fortemente conservador, cujo objectivo declarado é “reforçar as tradições americanas de nação judaico-cristã”.

Os novos critérios para o ensino introduzem lições obrigatórias dedicadas aos sistemas teológicos de Calvino e S. Tomás de Aquino, às teorias económicas “alternativas” e à importância de figuras e instituições do movimento conservador do país, como Phyllis Schlafly (que se opunha à igualdade de direitos entre homens e mulheres), a Minoria Moral, a Heritage Foundation, o “Contrato com a América” ou a National Riffle Association (NRA).

As lições sobre Thomas Jefferson, uma das figuras de proa da história da América, autor da Declaração de Independência e terceiro Presidente dos Estados Unidos, não resistiram ao ímpeto dos educadores conservadores do Texas e foram retiradas do currículo. As ideias revolucionárias de Jefferson, que é referido nos manuais como um dos modelos de pensamento do Movimento Iluminista, não agradam aos membros do Conselho de Educação, que se opõem à separação entre o Estado e a Igreja, como defendido por aquele “pai fundador”.»

Obrigatório ler o artigo completo no  Público.

Entrevista a Sam Harris

Sam Harris, autor de livros como “O Fim da Fé”, (Ed. Tinta da China, 2007) e “A Morte da Fé” (Companhia das Letras, 2009) em entrevista.

A entrevista é motivada por uma conferência sobre a a ciência e a moral, mas acaba por ir muito além disso e fala sobre os problemas/perigos  da religião organizada entre outras matérias.

São 30 minutos de conversa calma e ponderada digna de ser ouvida.

Sam Harris

Afinal não sou só eu, fico mais descansado.

A homilia de Natal do Sr. José Policarpo arreliou-me (na primeira versão deste texto, metia-me nojo, mas achei que era pouco simpático para o Sr e decidi mudar para algo mais suave)! Especialmente a parte em que ele enaltece a convicção de acreditar em deus e desdenha da convicção de não acreditar.

A João disse-me que eu estava, mais uma vez, a ser fundamentalista, a não dar aos outros o direito  a terem a sua opinião e que não  era isso que ele estava a dizer. Achei que não era o caso, mas, pelo sim pelo não, não escrevi nada sobre o assunto.

Já li depois disso alguns textos a criticar o Sr Policarpo, mas sendo a maioria deles de associados da Associação Ateista (“fundamentalistas” como eu) não liguei muito.

Felizmente, e para meu descanso, um ateu convicto MAS até prova em contrário “não fundamentalista” escreveu um texto exactamente sobre a parte da homilia que mais me chamou a atenção:

“…Acreditar que Deus existe é uma convicção profunda, mas acreditar que não existe, curiosamente, não o é. Alguém, munido de um aparelho próprio, mediu a profundidade das convicções e deliberou que as do crente são mais fundas que as do ateu. Quando alguém diz acreditar em Deus, está a exprimir legitimamente a sua fé; quando um ateu ousa afirmar que não acredita, está a agredir as convicções dos crentes. Ser crente é merecedor de respeito, ser ateu é um crime contra a humanidade…”

Podem ler o texto completo do Ricardo Araújo Pereira na Visão.

Cláudio vs João César da Neves : Round ….hhmmm.. bué!

O alucinado de serviço do Diário de Noticias escreveu um belo “Conto de Natal” que se não fosse tão ridículo era comovente.
Eu, claro; enviei a minha opinião sobre tão estupidificante prosa, e eles… publicaram.
Haja paciência para ainda se darem aos trabalho de ler os meus e-mails! Para que fique registado para a posteridade mais um e-mail meu publicado no DN, aqui vai o texto em questão (entre [] os termos que devia ter usado, mas que por falta de reler vezes suficientes antes de enviar para o DN me escaparam):

O Sr César das Neves é um brincalhão. Então não é que escreveu um texto a exaltar a SUA religião, o Cristianismo, por ela ser a “única que não tem no seu centro livros, cultos” e não se basear em “aprender dogmas, rezas, ofertas ou mandamentos”? Não anda muito longe da verdade com estas declarações, mas deve ter tido um ataque de amnésia e esqueceu-se que a sua [SUA] religião é o Catolicismo que assenta exactamente nesses pressupostos. Ou será que nas missas que o Sr César das Neves frequenta não há bíblias, e rezas? E já agora, seria útil o Sr César das Neves reler as suas crónicas para ver a quantidade de vezes que escreveu sobre [defendeu] dogmas e mandamentos.

In DN (Correio dos Leitores), de 23/12/2009

Parábola : A Invenção Maravilhosa

1. Como transformar alhos em bugalhos

A parábola é uma magnifica figura de estilo que tem permitido à Igreja Católica adaptar-se a novas realidades sem nunca se desmentir : O que ontem era Verdade, hoje é uma parábola.
Durante séculos a Bíblia  foi interpretada à letra e foi justificação para todo o tipo de horrores, mas à medida que a civilização evoluía as pessoas começavam a questionar as justificações que a Igreja invocava para as suas acções obrigando-a a renunciar a muitas delas. E assim, a pouco e pouco, e à medida que a Igreja tinha cada vez mais dificuldades em fazer aceitar as suas acções,  e para não se desmentir, a Igreja foi transformando as Verdades em parábolas até chegarmos ao ponto de praticamente não haver Verdades na Bíblia, só parábolas:
Deus mata e castiga? é parábola. Deus é vingativo e invejoso? é parábola. Deus não gosta de homosexuais? é Verdade. Deus defende a castidade? é Verdade.
Não é muito difícil ver o padrão; se determinada atitude/sentimento não é aceite pela esmagadora maioria da sociedade, transforma-se em parábola. Este processo de “parabolização” não é obviamente igual em todo o lado. Por exemplo, há poucas semanas, o pastor que dirige uma determinada seita evangélica nos Estados Unidos disse que rezava para que o Obama morresse, e de preferência com cancro. Ora, uma pessoa que admite na televisão uma atitude tão radical  (e louca) não terá com certeza problema nenhum em aceitar que o seu Deus mata e castiga. Ele não precisa de inventar desculpas para as atitudes descritas na Bíblia, porque concorda com elas .

2. Parábolas para todos os gostos

Este truque das parábolas não tem ciência nenhuma, se quisermos podemos aplicar parábolas a tudo, desde a história da carochinha até aos Lusiadas e transformar livros que foram escritos com um intento noutro completamente diferente. É claro que estes exemplos não serviriam tão bem como a Bíblia pois falta-lhes a diversidade de uma sociedade complexa. Mas se pegarmos num livro como a “Guerra pela Civilização” de Robert Fisk que retrata décadas de guerra nas zona dos Balcãs e Médio Oriente, podemos dizer que estamos a olhar para uma versão actualizada da Bíblia. Ambos retratam a história da mesma zona do mundo, ambos falam de problemas civilizacionais e ambos falam de histórias pessoais.
São ambos livros de História, com a diferença de que na Bíblia não é possível distinguir a realidade da ficção, é como o relato de um pescador: até acreditamos que ele apanhou um peixe, mas estamos quase certos que está a exagerar no tamanho.
Não tenho qualquer dúvida que um bom orador munido simplesmente do livro de Robert Fisk podia fundar  uma religião, recheada de belas parábolas, bastando-lhe para tal, uma audiência suficientemente receptiva e pouco esclarecida.

3. No fim, era a parábola

As parábolas são “armas” poderosíssimas, podem servir para o que quisermos : transformar histórias de amor em violência e histórias de violência em amor.
A Igreja inventou inúmeras parábolas na Bíblia, mas a derradeira parábola na Bíblia, é Deus. Deus existe ou é uma parábola? Deus é um ser omnipresente e omnipotente ou não passa de uma parábola sobre a consciência humana? Porque não reduzir Deus a um punhado de sentimentos: amor, inveja, ódio, etc..?
A Igreja Católica faz as interpretações  que quer e lhe interessa da Bíblia, porque não podemos nós fazer o mesmo e dizer: Deus não existe, é uma parábola! Aliás, para ser justo, há que dar o crédito a alguns teólogos que já dizem (quase) o mesmo.
Dizem eles que: Deus é Amor. Tirando o facto de estarem a fazer  batota e a reduzir Deus a um sentimento quando existem tantos, eles fazem o mesmo que eu :
Negam que Deus tenha inventado o homem e que foi antes o homem a inventar Deus.

 

Nazaré, Setembro de 2009

WTF?!

“…The Rev. Steven Anderson of the Faithful Word Baptist Church told his Tempe, Ariz., congregation he prays that Obama “dies and goes to hell.”

In an Aug. 16 sermon that recently came to public attention, Anderson said, “If you want to know how I’d like to see Obama die, I’d like him to die of natural causes. I don’t want him to be a martyr, we don’t need another holiday. I’d like to see him die, like Ted Kennedy, of brain cancer….”

Tirado de Americans United for Separation of Church and State via Esquerda Republicana

“América a Bem ou a Mal”

Para os mais distraídos – e para os mais cínicos – os EUA são um país dito normal ou ocidentalizado, que é um termo muito em moda e que cai sempre bem. A verdade é que os EUA não são um país, são pelo menos dois.

Um que é parecido com a Europa, lúcido e ciente do seu lugar no mundo como um país como qualquer outro, enfim, talvez um bocadinho melhor.

E o outro? Bem, o outro é uma espécie de Europa medieval, furiosamente louca com todos os que não concordam consigo e que TEM de à força dominar o mundo, porque foi esse o destino que DEUS lhes deu. É esse país, de pensamento estranho para nós, – que só reconhecemos no fundamentalismo islamismo e que recusamos aceitar existir noutras latitudes – que tem dominado os EUA nos últimos anos. Este país conhecido como “Bible Belt” deu-nos algumas personagens “simpáticas” como Dick Cheney, Donald Rumsfeld e  George W. Bush que a pretexto de estarem a fazer o trabalho de deus – entre outras desculpas – invadiram o Iraque. São estes e outros como eles que fornecem armamento a Israel porque, como vem escrito na biblia, aquela zona do planeta foi dado aos israelitas por deus e como tal é seu por direito!

Felizmente as coisas estão a mudar com a nova presidência Americana, mas não pensem que podemos ficar descansados. É que enquanto a América “normal” aceitou democraticamente e sem contestação violenta as governações da América nacionalista/religiosa, o contrário não se vai/está a passar.  Basta assistir ao canal noticioso Fox para ver como os nacionalistas estão a reagir MUITO mal à perda de poder. Na Fox passam-se coisas deste género:

“… The only chance we have as a country right now is for Osama Bin Laden to deploy and detonate a major weapon in  the United States…”
Dito por Michael Scheuer, ex-chefe da unidade da CIA de contra-terrorismo responsavel por capturar Bin Laden, referindo-se ao facto de administração Obama ter uma postura muito “soft” em relação ao terrorismo e que vai levar à “derrota” dos EUA.

Quando li, há alguns meses, a previsão do analista Russo, Igor Panarin, sobre a divisão dos EUA em vários países achei que ele era louco, mas agora já não tenho tanta certeza.

Acham que estou a divagar? Se alguém divaga não sou eu, porque (quase) tudo o que aqui escrevi são teorias defendidas no livro “América a Bem ou a Mal” de Anatol Lieven, Tinha da China, 2007 e que nos leva a conhecer o fanatismo nacionalista existente nos EUA. Aconselha-se vivamente a quem esteja, realmente, interessado em conhecer melhor o famoso país do sonho.

Mais em:

Marinha Grande, Agosto de 2009

Nacionalismo Hindu

Há quem pense que a cultura Índiana é maravilhosa, sem racismo, sem preconceitos, enfim, sem nenhum dos defeitos das culturas ocidentais.

É provável que tenham visto filmes demais sobre o Gandhi, que convém salientar, apesar de ser anti-violência também tinha tiques nacionalistas.

Pois é, lamento informar-vos mas como em qualquer país, também a Índia tem as sua organizações/partidos racistas e nacionalistas que desprezam (e matam) os que não são como eles, neste caso os que não são hindus.

Podem ver mais na Wikipedia em : Nacionalismo Hindu