Fui convidado para fazer uma crónica de opinião no Região de Leiria durante um ano.
O primeiro texto foi publicado no dia 11 de Novembro de 2011.
O texto original teve de ser “censurado” pela ditadura do espaço e número de caracteres, e foi o seguinte:
F=(T/GT)CG. Para quem não conhece, passo a apresentá-la: trata-se da fórmula da Felicidade e diz que a Felicidade é a relação entre o que se Tem (T) e o que Gostaria de se Ter (GT), ponderada pela nossa Capacidade de (di)Gerir o desequilíbrio dessa relação (CG). Claro que é uma fórmula simples e que não entra em linha de conta com todos os parâmetros existentes. Podíamos, por exemplo, ter em conta a Ambição (A) e ficaríamos com algo como F=((TA)/(GTA2))CG, mas uma teoria geral da Felicidade não cabe nesta crónica e deixo-a como TPC para os mais corajosos.
Podemos dizer que esta fórmula da Felicidade está para uma fórmula geral da Felicidade assim como as leis da gravidade de Newton estão para a teoria da relatividade geral de Einstein. Incompleta, mas a permitir-nos obter algumas das leis fundamentais, por exemplo:
1ª Quanto mais ignorantes formos, mais felizes seremos; afinal, não podemos querer o que não conhecemos. Diminuindo GT, aumentamos F (esta técnica, aplicada com algum sucesso por Salazar, não me parece o caminho a seguir).
2ª Podemos aumentar a nossa Felicidade aumentando o valor que damos ao que temos (T); aumentando T, aumentamos F.
Vem esta segunda lei a propósito do que me traz aqui: A REGIÃO DE LEIRA. Umas das zonas de Portugal com melhor qualidade de vida: está perto de Lisboa para uma visita ocasional, se assim quisermos, e não temos o stress de lá morar e trabalhar; está perto da praia e da serra; tem espaços verdes, clima ameno, boas bibliotecas, bons locais de convívio e tem uma oferta cultural excelente para todos os gostos, muitas vezes a preços acessíveis e algumas vezes gratuita.
Infelizmente, tirando a praia, parece haver pouca procura do que a região tem para oferecer, o que é uma pena. Os espectáculos ficam às moscas, os museus vazios e as pessoas em casa a ver televisão.
“Ahh, mas eu não gosto de teatro/museus/…”. Bem, se calhar nunca experimentou, e se calhar quando experimentou foi com má vontade. Deixe-se disso! Há oferta suficientemente variada para agradar a todos. Além disso, não precisamos de ficar radiantes com tudo o que vemos, mesmo o que não apreciamos há-de deixar alguma marca a que mais cedo ou mais tarde havemos de dar valor.
“Ahh, mas eu não tenho tempo…” Deixe-disso! Dou-lhe dois conselhos que a sua mãe não aprovaria: a roupa não precisa de ser TODA passada a ferro e a casa não precisa de ser TODA limpa TODAS as semanas.
“Ahhh, isto e aquilo…”. Pois… há desculpas para todos os gostos e se realmente acha que as telenovelas, concursos e reality shows valem o tempo que se lhes dedica, desisto, não há nada a fazer. Mas se, pelo contrário, arriscar sair de casa, frequentar espectáculos, conviver com os amigos e, já agora, falar com desconhecidos descobrirá quão fácil é aumentar T (e consequentemente F). Por isso, saia de casa!
O texto publicado pode ser consultado no Região de Leiria online.