Category Archives: Religião

Padre sem PAPAs na língua

“Críticos do Papa.  O polémico Bento XVI divide opiniões na Igreja.  Há quem o ache excepcional, há quem lhe faça duras críticas. Mário Oliveira, padre sem paróquia, que dirige o jornal ‘Fraternizar’, é um deles. Diz que Ratzinger é o grande desastre da Igreja dos séc. XX e XXI e que ele devia assumir responsabilidade pelos casos de pedofilia”.

“…Enquanto teólogo ele sabe, como todo os teólogos – e nós não encontramos nenhum teólogo convicto que defenda Fátima – que do ponto de vista da teologia é absolutamente impossível haver aparições. Do ponto de vista da fé cristã é impossível poder falar-se alguma vez de aparições. Im- possível. E ele como teólogo sabe isso e apesar disso vai lá…”

“…Porque as três crianças de Fátima, em 1917, foram vítimas – não em termos de pedofilia, de sexo – também do clero de Ourém que organizadamente inventou aquela historieta toda. E a encenou e a representou, servindo-se das três crianças. Desse universo de crianças, duas acabaram por morrer e a que sobreviveu foi sempre sequestrada até à morte…”

In DN

Porrada, que eles merecem!

Texto enviado ao DN em resposta dos seguintes artigos de Maria José Nogueira Pinto e, claro, João César das Neves:

A nona bem-aventurança e Crucifica-o! de João César das Neves

Crime Pecado e Cruz de  Maria José Nogueira Pinto

“É ou não é verdade que elementos bem colocados na hierarquia da Igreja Católica esconderam autores de crimes sexuais da justiça ? É ou não é verdade que Joseph Ratzinger, actual chefe da Igreja Católica, se negou a suspender um padre acusado e condenado por pedofilia para “bem da igreja universal”? Se para a maioria das pessoas estas acusações são gravíssimas e deviam ser suficientes para levar todos os envolvidos à barra do tribunal, para os indeflectiveis indefectíveis João Cesar das Neves e Maria José Nogueira Pinto isto é secundário. O que é importante é continuar a defender o bom nome da igreja universal e se para isso for preciso esconder estes criminosos no meio de nuvens de fumo feitas de vitimizações e aldrabices descaradas, que seja. “Bento XVI assumiu o escândalo” diz Nogueira Pinto. Claro que assumiu, depois de o ter escondido por décadas e já não mais ser possível fazê-lo! Ataca ainda a “moral laica” pela sua caminhada acelerada esquecendo-se que se não fosse a “moral laica” estaria neste momento em casa com cinco filhos a cozinhar para o marido. Quando ao texto de seu nome “a nona bem-aventurança” de Cesar das Neves tem tantas aberrações históricas que é impossível enumera-las. Só apetece dizer: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que dizem” (adaptado de Lucas 23, 34)”

Entrevista a Sam Harris

Sam Harris, autor de livros como “O Fim da Fé”, (Ed. Tinta da China, 2007) e “A Morte da Fé” (Companhia das Letras, 2009) em entrevista.

A entrevista é motivada por uma conferência sobre a a ciência e a moral, mas acaba por ir muito além disso e fala sobre os problemas/perigos  da religião organizada entre outras matérias.

São 30 minutos de conversa calma e ponderada digna de ser ouvida.

Sam Harris

Afinal não sou só eu, fico mais descansado.

A homilia de Natal do Sr. José Policarpo arreliou-me (na primeira versão deste texto, metia-me nojo, mas achei que era pouco simpático para o Sr e decidi mudar para algo mais suave)! Especialmente a parte em que ele enaltece a convicção de acreditar em deus e desdenha da convicção de não acreditar.

A João disse-me que eu estava, mais uma vez, a ser fundamentalista, a não dar aos outros o direito  a terem a sua opinião e que não  era isso que ele estava a dizer. Achei que não era o caso, mas, pelo sim pelo não, não escrevi nada sobre o assunto.

Já li depois disso alguns textos a criticar o Sr Policarpo, mas sendo a maioria deles de associados da Associação Ateista (“fundamentalistas” como eu) não liguei muito.

Felizmente, e para meu descanso, um ateu convicto MAS até prova em contrário “não fundamentalista” escreveu um texto exactamente sobre a parte da homilia que mais me chamou a atenção:

“…Acreditar que Deus existe é uma convicção profunda, mas acreditar que não existe, curiosamente, não o é. Alguém, munido de um aparelho próprio, mediu a profundidade das convicções e deliberou que as do crente são mais fundas que as do ateu. Quando alguém diz acreditar em Deus, está a exprimir legitimamente a sua fé; quando um ateu ousa afirmar que não acredita, está a agredir as convicções dos crentes. Ser crente é merecedor de respeito, ser ateu é um crime contra a humanidade…”

Podem ler o texto completo do Ricardo Araújo Pereira na Visão.

Cláudio vs João César da Neves : Round ….hhmmm.. bué!

O alucinado de serviço do Diário de Noticias escreveu um belo “Conto de Natal” que se não fosse tão ridículo era comovente.
Eu, claro; enviei a minha opinião sobre tão estupidificante prosa, e eles… publicaram.
Haja paciência para ainda se darem aos trabalho de ler os meus e-mails! Para que fique registado para a posteridade mais um e-mail meu publicado no DN, aqui vai o texto em questão (entre [] os termos que devia ter usado, mas que por falta de reler vezes suficientes antes de enviar para o DN me escaparam):

O Sr César das Neves é um brincalhão. Então não é que escreveu um texto a exaltar a SUA religião, o Cristianismo, por ela ser a “única que não tem no seu centro livros, cultos” e não se basear em “aprender dogmas, rezas, ofertas ou mandamentos”? Não anda muito longe da verdade com estas declarações, mas deve ter tido um ataque de amnésia e esqueceu-se que a sua [SUA] religião é o Catolicismo que assenta exactamente nesses pressupostos. Ou será que nas missas que o Sr César das Neves frequenta não há bíblias, e rezas? E já agora, seria útil o Sr César das Neves reler as suas crónicas para ver a quantidade de vezes que escreveu sobre [defendeu] dogmas e mandamentos.

In DN (Correio dos Leitores), de 23/12/2009

Parábola : A Invenção Maravilhosa

1. Como transformar alhos em bugalhos

A parábola é uma magnifica figura de estilo que tem permitido à Igreja Católica adaptar-se a novas realidades sem nunca se desmentir : O que ontem era Verdade, hoje é uma parábola.
Durante séculos a Bíblia  foi interpretada à letra e foi justificação para todo o tipo de horrores, mas à medida que a civilização evoluía as pessoas começavam a questionar as justificações que a Igreja invocava para as suas acções obrigando-a a renunciar a muitas delas. E assim, a pouco e pouco, e à medida que a Igreja tinha cada vez mais dificuldades em fazer aceitar as suas acções,  e para não se desmentir, a Igreja foi transformando as Verdades em parábolas até chegarmos ao ponto de praticamente não haver Verdades na Bíblia, só parábolas:
Deus mata e castiga? é parábola. Deus é vingativo e invejoso? é parábola. Deus não gosta de homosexuais? é Verdade. Deus defende a castidade? é Verdade.
Não é muito difícil ver o padrão; se determinada atitude/sentimento não é aceite pela esmagadora maioria da sociedade, transforma-se em parábola. Este processo de “parabolização” não é obviamente igual em todo o lado. Por exemplo, há poucas semanas, o pastor que dirige uma determinada seita evangélica nos Estados Unidos disse que rezava para que o Obama morresse, e de preferência com cancro. Ora, uma pessoa que admite na televisão uma atitude tão radical  (e louca) não terá com certeza problema nenhum em aceitar que o seu Deus mata e castiga. Ele não precisa de inventar desculpas para as atitudes descritas na Bíblia, porque concorda com elas .

2. Parábolas para todos os gostos

Este truque das parábolas não tem ciência nenhuma, se quisermos podemos aplicar parábolas a tudo, desde a história da carochinha até aos Lusiadas e transformar livros que foram escritos com um intento noutro completamente diferente. É claro que estes exemplos não serviriam tão bem como a Bíblia pois falta-lhes a diversidade de uma sociedade complexa. Mas se pegarmos num livro como a “Guerra pela Civilização” de Robert Fisk que retrata décadas de guerra nas zona dos Balcãs e Médio Oriente, podemos dizer que estamos a olhar para uma versão actualizada da Bíblia. Ambos retratam a história da mesma zona do mundo, ambos falam de problemas civilizacionais e ambos falam de histórias pessoais.
São ambos livros de História, com a diferença de que na Bíblia não é possível distinguir a realidade da ficção, é como o relato de um pescador: até acreditamos que ele apanhou um peixe, mas estamos quase certos que está a exagerar no tamanho.
Não tenho qualquer dúvida que um bom orador munido simplesmente do livro de Robert Fisk podia fundar  uma religião, recheada de belas parábolas, bastando-lhe para tal, uma audiência suficientemente receptiva e pouco esclarecida.

3. No fim, era a parábola

As parábolas são “armas” poderosíssimas, podem servir para o que quisermos : transformar histórias de amor em violência e histórias de violência em amor.
A Igreja inventou inúmeras parábolas na Bíblia, mas a derradeira parábola na Bíblia, é Deus. Deus existe ou é uma parábola? Deus é um ser omnipresente e omnipotente ou não passa de uma parábola sobre a consciência humana? Porque não reduzir Deus a um punhado de sentimentos: amor, inveja, ódio, etc..?
A Igreja Católica faz as interpretações  que quer e lhe interessa da Bíblia, porque não podemos nós fazer o mesmo e dizer: Deus não existe, é uma parábola! Aliás, para ser justo, há que dar o crédito a alguns teólogos que já dizem (quase) o mesmo.
Dizem eles que: Deus é Amor. Tirando o facto de estarem a fazer  batota e a reduzir Deus a um sentimento quando existem tantos, eles fazem o mesmo que eu :
Negam que Deus tenha inventado o homem e que foi antes o homem a inventar Deus.

 

Nazaré, Setembro de 2009

WTF?!

“…The Rev. Steven Anderson of the Faithful Word Baptist Church told his Tempe, Ariz., congregation he prays that Obama “dies and goes to hell.”

In an Aug. 16 sermon that recently came to public attention, Anderson said, “If you want to know how I’d like to see Obama die, I’d like him to die of natural causes. I don’t want him to be a martyr, we don’t need another holiday. I’d like to see him die, like Ted Kennedy, of brain cancer….”

Tirado de Americans United for Separation of Church and State via Esquerda Republicana

Santa Hipocrisia

Na edição de Verão do boletim das paroquias da baixa chiado que podem ler AQUI, o Cónego Armando Duarte admitindo que está a puxar a brasa à sua sardinha apela ao voto em Santana Lopes que, segundo ele, é um homem de palavra, de visão, justo e com vergonha. Mas, apesar de todos estes belos adjectivos,  o principal, e várias vezes repetido, argumento é que “Em 2002, mal tomou posse, o Dr. Santana Lopes recebeu-nos e aproveitou para nos dizer que queria ajudar na reabilitação das nossas igrejas.”.

Acho este apelo lamentável por várias razões:

1. A Igreja – leia-se “instituição religiosa de influência cristã com chefe em Roma” – tem a mania que representa deus na terra, e como tal há muitas pessoas que acreditam que isso é verdade. Os membros de uma instituição que se julga assim tão importante tem de ter muito cuidado com o que dizem, porque há pessoas que julgam que o que eles dizem é verdade absoluta. Apelar aos crentes que estejam atentos à sociedade e que intervenham nas decisões, parece-me bastante bem, apelar ao voto em X ou Y parece-me bastante mal.

2. A Igreja tem a mania que está acima da lei, não gosta de pagar impostos e tem direitos especiais que mais ninguém tem, obtidos através de contratos – concordatas – realizados com o Estado. Não me parece próprio que uma instituição que reclama para si este tipo de privilégios se meta na politica desta maneira. Das duas uma, ou são especiais porque os seus princípios são nobres e altruístas e calam o bico sobre inclinações politicas ou são como todas as outras associações/instituições, dizem o que querem, mas pagam como todos e sujeitam-se às regras da sociedade como todos.

3. A Igreja tem a mania das virtudes e representantes seus vêm apelar ao voto num Playboy! Sim,porque é muito bonito defender as virtudes, mas quando chega o momento da verdade, as virtudes que se lixem, o que interessa é…Dinheiro!
A única razão para se escolher Santana Lopes é porque ele prometeu ajudar na reabilitação das igrejas. Diz a Igreja que a nossa sociedade está condenada à desgraça; é hedonista, materialista, egoísta e esqueceu os valores morais e cristãos. Mas vem o senhor cónego apelar ao voto num indivíduo (que não segue os preceitos morais da Igreja), não porque ele ajuda os pobres ou os desfavorecidos, mas porque ele promete … dinheiro.  Santa Hipocrisia.

Entrevista do lider da Opus Dei Portuguesa ao jornal “i”

Este moço de seu nome José Rafael Espírito Santo é um verdadeiro cromo, imagino que deve ser unha e carne com o João César das Neves. Entre as parvoices que diz na sua entrevista não posso deixar de destacar estas pérolas:

“O Opus Dei surgiu por iniciativa de Deus” – ui, tanta presunção!

“…no Opus Dei – é exactamente por serem mulheres que têm essa capacidade de cuidarem da casa. Toda a mulher tem uma vocação para mãe e dona de casa, mesmo que não seja mãe na prática….”

É como a bondade. Há muitas boas pessoas que não são religiosas….
Sim, mas se acreditassem em Deus seriam muito melhores.” –

Esta é a minha favorita, só de pensar que se acreditasse em deus eu seria Muito Melhor, até me arrepio.  hhhhm, afinal não, o arrepio foi causado pela leitura de tamanha parvoice…Oh homem, não diga asneiras!

Podem ler a entrevista completa aquI