Category Archives: Sociedade

A funcionalidade das familias

“É curioso escutar-se sempre a expressão ou fórmula “família disfuncional”, para dar conta dos problemas ou crises que atravessam os membros desses agregados. Todavia, desconheço a existência real de famílias “funcionais”, e estou mesmo em crer que a própria unidade “família” serve para a construção e instalação de programas de disfuncionalidade” sobre os seus membros, absolutamente necessários para o desenvolvimentos dos mesmos integrados nesse terrível e inevitável caos que é a própria existência humana.”

Pedro Moura em Ler BD

O amor de Saramago por Berlusconi

Eu a pensar que dizia mal do Berlusconi, mas o Saramago bate-me aos pontos:

“Esta coisa, esta enfermidade, este vírus ameaça ser a morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não o conseguir arrancar da consciência dos italianos, antes que o veneno acabe corroendo as veias e acabe destroçando o coração de uma das mais ricas culturas europeias”

Tirado do Público

Adenda : Texto completo no DN

Irão : ditadura ou democracia?

Há algumas semanas fui ver o Persepolis aquando da sua projecção pelo Projecto *Aurora em Rio Maior.

Antes do filme, e como é costume, o mentor do projecto – que tem nome, mas que eu não me lembro – fez uma apresentação do filme onde falou do Irão como ditadura.

Ora bem, no Irão há eleições e como tal falar em ditatura pareceu-me exagerado, uma democracia musculada ainda vá. E para esclarecer essa divergência, fui falar com ele no fim da sessão, e após essa conversa fiquei com menos certeza na minha posição.

Ora bem! Eu não gosto de ficar com dúvidas sobre os assuntos que me passam à frente e vai dai, fui para a Internet à procura de informação mais detalhada sobre o regime Iraquiano. Após pesquisa semi-intensiva na Internet fiquei na mesma e decidi entrar em contacto com bloggers Iranianos para ouvir a opinião deles na primeira pessoa.

Dos vários que contactei apenas um me respondeu, o – ou a? – Tori Egherman do blog View from Iran. Com a autorização dele/a transcrevo aqui os emails que recebi:

“Iran is not a dictatorship because it is not run by any one person or group. Despite all of its draw backs and problems and abuses, Iran does have a constitution and an evolving legal system.

It is more like a government of competing groups of oppressors. Is there a name for this type of government? Not sure. I would not call Iran a democracy just because it holds elections. A democracy needs independent civil institutions and a free press in order to thrive. Iran does not have many independent civil institutions and does not have a free press. In Iran, they joke that “we have free speech. We just do not have freedom after speech.” That’s the case.”

“Iran has a private press, but it is censored and harassed by the powers that be. People generally won’t have problems speaking their minds as long as they do not organize. So you can be on the street talking trash about the system as long as you are only talking to friends or to the butcher or the taxi driver and not trying to organize an opposition movement. There are topics that are off limits such as the Supreme Leader, who is now Khamenei.

If you are being watched by the Intelligence services, you could find yourself in a world of trouble for anything at all: your email, a satellite dish, alcohol. It just depends on how threatened the regime is by you.”

Ficaram esclarecidos? Eu fiquei. 🙂

A Itália mais uma vez em destaque pela negativa

A Itália, sob o comando da alimária Berlusconi, têm-se tornado cada vez mais o exemplo do que um país civilizado não deve ser.

Da mesma maneira que Portugal serve de exemplo, aos países que estão para entrar para UE, sobre como desperdiçar fundos de coesão , a Itália é neste momento – não é oficial, é a minha opinião – o molde pelo qual os novos países NÃO se devem guiar em relação a políticas sociais e comportamentos do chefe de estado.

«A obrigação de ajudar os países pobres

A Europa é um clube de ricos e Portugal é um dos seus membros, por muito que se fale de crise e as desigualdades sociais no País sejam ainda superiores às do resto do continente. Por isso, a obrigação de contribuir com ajuda aos países em desenvolvimento, um compromisso assumido pela União Europeia e que prevê que em 2010 os 15 Estados anteriores ao alargamento de Maio de 2004 estejam a disponibilizar em apoio económico 0,51% do seu rendimento nacional bruto (RNB). Isso significará no caso português perto de 890 milhões de euros, ou cerca de 85 euros por cada habitante do País.

Mas para lá se chegar, e falta pouco, terá de haver um esforço significativo. No ano passado, a ajuda total portuguesa foi de 470 milhões de euros, o equivalente a 0,27% do RNB.

Em termos globais, só cinco dos 15 países estão já a cumprir os 0,51%, com destaque para o Luxemburgo. Pior que Portugal estão três países. O caso da Itália, que ocupa o fim da tabela com apenas 0,16%, é o mais chocante. Ao mesmo tempo que adopta medidas repressivas para combater a imigração ilegal, o Governo de Silvio Berlusconi corta nas ajudas aos países pobres, de onde vem a maioria dessas pessoas desesperadas por um futuro. É desconhecer que o mundo é global e que a pressão migratória só se contraria atenuando as desigualdades regionais.»

Editorial do DN de 15 de Maio de 2009