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Rumo ao Norte: Dia 1

Estas férias começaram como muitas outras: com planos furados. O plano inicial era ir aos 5 dias de França nos pirineus Franceses (prova de orientação) mas em Abril já estavam esgotadas as vagas. Depois podia ser para ir a uma prova de Trail no fim de agosto nos pirineus espanhóis mas estava esgotada também.
Bah, siga para o plano backup do costume: Em direção ao Norte e depois logo se vê.
Desta vez começámos por Guimarães. Ficámos fã da Penha. Um pequeno monte ao lado de Guimarães recheado de pedregulhos de granito atravessados por escadarias. Maravilhosamente lindo.
Lá no meio tem um simpático campismo com piscina e um belo tasco onde se bebe o melhor tinto verde do universo e arredores.
Foi um belo começo!
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Argentina: Buenos Aires

Não gosto de cidades grandes e Buenos Aires é uma cidade muito, mesmo muito grande. O centro é tão grande que tem direito a um microcentro, algo que equivale para nós à baixa, castelo e bairro alto. Na zona onde ficámos, Palermo, chegavam a passar autocarros de transportes públicos de 2 em 2 segundos. É uma loucura de tamanho, onde os prédios não deixam ver o céu e o movimento de formigas, desculpem pessoas, é constante. O aeroporto que fica na periferia da grande Buenos Aires fica a 50 km. Enfim, é grande.

As cidades grandes têm muito para ver. Tantos jardins, museus e teatros como, vá, um país inteiro mas fica tudo longe, a pé não se chega a lado nenhum. Os transportes públicos funcionam bem, são baratos e vão a todo o lado. E com a ajuda do google é muito fácil navegar as inúmeras linhas de autocarro para chegar onde se quer. Só há um problema. É preciso o SUB, o cartão dos transportes públicos de Buenos Aires e apanhar um é como apanhar um Pokémon raro. Depois de muito procurar e de ter passado algum tempo a viajar de Uber lá conseguimos encontrar um exemplar. Depois sim, a cidade ficou pequena.

Aproveitámos bem os dias que estivemos em Buenos Aires (e o cartão  SUB) e conseguimos ver tudo o que queríamos. Claro que se lá estivéssemos, mas dias, descobríamos mais coisas para ver.

Do que vimos e que me lembre assim de repente, realço:

A Boca e o famoso Caminhito que lá fica perto. A Boca é onde está a famosa bomboneira, o estádio do Boca Juniores onde os espectadores dos anéis mais altos quase têm de olhar na vertical para baixo para ver o jogo. O estádio foi construído assim, na vertical, porque não havia espaço para o construir para os lados. AO redor do estádio há todo um circo de lojas que vendem recordações do clube e há todo um ambiente de festa com centenas de visitantes a circular. Lá perto fica o Caminhito, duas ruas turísticas cheias de restaurantes onde se pode apreciar dançarinos de tango e lojas de recordações. Ambas as zonas são muito coloridas e o ambiente é agradável se bem que demasiado movimentado. Não haja dúvida, uma visita a Buenos Aires sem ir aqui não vale.

Outro marco é o Ateneo Grand Splenind, o  teatro em forma de ferradura, que tinha capacidade para cerca de 1000 pessoas e foi convertido em livraria. Para quem, como eu, que faz paragem obrigatória nas livrarias por onde passa, esta não tem concorrência à altura.

Também é famoso o teatro Colon. É bonito sim senhor, mas é basicamente uma cópia do que se fazia na altura em Paris e arredores. É estranho ir à America do Sul ver cópias do que há na europa. Dispenso…

Também fomos a vários museus, centros culturais e sei lá o que mais. Não falta o que ver …  desde que tenhamos o SUB e o google para nos dizer que autocarros apanhar para chegar onde queremos 😊

E com Buenos Aires acabámos a nossa longa/curta viagem à Argentina.

Longa porque nunca tínhamos tirado tanto tempo de férias. Quatro semaninhas seguidas. Toma pandemia!!!

Curta porque a Argentina é um bocadito grande. Nós não visitámos a Argentina, visitámos Buenos Aires (e Tigre), Ushuaia , El Calafate e El Chalten. Dizer que visitámos a Argentina é como ir a Paris, Picos da Europa a costa alentejana  e dizer que visitámos a Europa.

Argentina: Tigre

O guia da lonely planet dizia que Tigre valia a pena visitar e como ficava bem perto de Buenos Aires, a uma hora de comboio, lá fomos nós para ver o que se passava por lá.

Tigre é uma pequena cidade com prédios baixos, muitas zonas verdes e junto a um dos milhentos braços do rio Paraná onde se consegue ver o céu em em condições, coisa difícil em Buenos Aires devido à quantidade de prédios altos. Só isso por isso, ver o céu, já vale a pena ir a Tigre.

Mas o céu, é o principio das coisas boas, a verdadeira surpresa é o rio Paraná, mais exactamente o seu delta onde cerca de 15 mil pessoas moram e fazem a sua vida nas centenas (milhares?) de ilhas que aí existem.

Nós apanhámos o barco que se serve de transporte público e fomos até uma das ilhas, de seu nome Tres Bocas para ver o ambiente. Nessa ilha além de alguns restaurantes, existe um supermercado e a escola além de inúmeras casas de férias, pelo menos um hostel e algumas habitações permanentes ligadas por pequenos carreiros pedestres e pequenas pontes que atravessas muito dos vários canais de pequena largura (até 5 metros, talvez) que separam as várias .. ?semi-ilhas? que a constituem. Para lá chegarmos navegámos durante cerca de 1 hora e passámos por inúmeras ilhas, canais largos como um rio, canais estreitos como uma vala, inúmeros cais de embarque e respectivos barcos.

O ambiente, para nós, é surreal. Não estávamos à espera de encontrar aqui, tão perto de Buenos Aires, um meio de vida tão diferente de tudo o que conhecemos e onde vimos coisas tão curiosas como o barco que vai buscar as crianças à escola e as distribui pelas suas respectivas ilhas ou pessoas que andam constantemente com garrafões de 5 litros para trás e para a frente, é que ali no meio, não há água potável, ou têm água da chuva ou têm de a trazer de terra firme.

Fica na memória, uma rapariga toda bem vestida com a sua malinha de ombro a encher garrafões de água numa fonte pública em Tigre. Garrafões que colocou na sua pequena canoa que depois, habilmente, conduziu pelos canais fora até desaparecer de nossa vista.

Ficará na memória como a maior surpresa desta viagem em que esperávamos glaciares e montanhas mas definitivamente não estávamos à espera de encontrar um ambiente que nos fez lembrar as imagens que vemos de povoações esquecidas algures no meio do Amazonas.

La Martita em Tres Bocas onde almoçámos

 

 

Patagonia, the end!

Adeus Patagônia, até o meu regresso.
Estamos agora no aeroporto de el calafate, onde muita gente ganhou um andar novo, parece que vêm de horas infindáveis de caminhada montanha acima.
Foram duas semanas intensas passadas entre ushuaia (o fim do mundo, c@##@lho!), El calafate (o centro de distribuição de turistas) e el chalten (o paraíso da tribo da montanha). Vimos uma pequena fração do que há para ver na Patagônia e a precisar de avião para ver tudo em tempo útil.
Caminhámos entre glaciares e eu em cima de um, navegámos entre baleias e pinguins, fizemos viagens de camião todo o terreno, fizemos (quase) tudo o que havia para fazer e o dinheiro o tempo deixou. Tinha de ser, a probabilidade de voltarmos é quase nula por isso não havia opção: Ou fazíamos agora ou nunca mais. Vamos com a barriguinha cheia e com os gráficos do suunto a bater recordes de “está a exagerar” no exercício físico.
Daqui a uma hora voamos de volta a Buenos Aires para passar os últimos 4 dias, ainda temos muito para ver por lá. Na chegada tivermos pouco tempo lá e o calor estava insuportável, agora parece estar melhor.
aeroporto dos andares novos

El chalten

Há merdas que não se explicam, mas como tenho a mania que sou esperto, vou tentar. São oito da noite, é dia de San Patrics. Como muitos bares pelo mundo fora a noite é dedicada à Irlanda. A cerveja está verde e os drop kick murphies estão a bombar nas colunas Mas este não é um bar qualquer, é o vinateria em el chalten e em el chalten só há dois tipos de pessoas: os locais e os turistas que gostam de montanha.
É que aqui não há mais nada para fazer, ou sobes montanhas a pé ou sobes montanhas a pé para escalar. É que não há mesmo mais nada. tens dinheiro? Azar, estás no sitio errado. Tens de subir a pé na mesma. Não há alternativa.
Por isso, neste bar, só há um tipo de pessoas: as que passaram o dia na montanha a caminhar ou escalar. Estamos todos aqui pelo mesmo e como tal somos todos amigos, irmãos ou outra cena qualquer que nos aproxima. Os nossos olhares são cúmplices, os nossos passos lentos, o nosso amor pela montanha partilhado.
Aqui o rei é o Fitz Roy e se não te roeste de inveja ou de saudade ao ler este nome não sentirás este texto como nós, a malta que sonha com montanhas.
Hoje foi o dia de atacar o Fitz Roy. Nós os eternos principiantes da montanha e escaladores de quinta categoria (no tempo em que escalávamos) ficamos felizes de ver as montanhas de perto sem as subir. Saindo de el chalten são quatro horas até à laguna dos três que nos leva bem perto do dito cujo. Não é fácil a subida, e para a João que continua lesionada, estava fora de questão e ficou-se por uma caminhada de quinze quilómetros que mesmo assim a levou perto e com vistas espetaculares.
Eu comprei o bilhete completo. Fui bem lá acima e ainda fiz uns extras. Quase 40 Kms com mais de mil metros de desnível em quase dez horas de caminhada. Um dia em cheio. Que fique registado que a subida final, uma violência de 400 metros de desnível em mil metros de percurso vale, mais ou menos, meia besta na escala Freita. É duro, mas para quem já levou com o Moutinho na Freita é uma brincadeira.
Se não perceberam esta comparação é normal, há merdas que não se explicam.
bem lá no alto

 

 

El chalten, a capital Argentina do hiking

Já por aqui andamos há um par de dias nesta terra pedida no meio dos glaciares. A partir de el chalten saem percursos que nos colocam num par de horas em frente a um glaciar. Por aqui, os glaciares são mais que as mães e atraem centenas de turistas.
Para onde se olhe só se vê pessoal de mochilão às costas vestidos com roupas de montanha.
As poucas ruas estão repletas de alojamentos e bares/restaurantes cheios de entusiastas do vinho e da cerveja.
Para quem, como nós, gosta de montanha isto é o paraíso.
Como de costume perde-se sempre uma dia a conhecer os cantos à casa, mas hoje já foi dia de usufruir a 100%, ou seja, 6 horas pela montanha a apreciar paisagens que dificilmente encontramos na Europa.
Fizemos um dos dois percursos estrela cá do burgo. Amanhã vai ser o outro. Haja pernas..
Chegámos aqui vindos de El Calafate, o centro de distribuição de turistas onde voltaremos para apanhar o avião para Buenos Aires.
El Calafate, a terra mais próxima do Perito Moreno, o glaciar estrela das redondezas especialmente porque do carro à sua frente de dezenas de metros de altura são 10 minutos. É um bicho impressionante que tive o prazer de pisar graças ao tour que fiz que incluía 1 hora de caminhada no seu dorso.
Também fizemos um viagem de ida e volta no mesmo dia para ver as torres del paine no Chile. Foram 600 km em camião todo o terreno para ver….(quase) nicles. A meteorologia não ajudou e não se via ponta das torres. Anyway, a paisagem era brutal e a viagem valeu por isso.
alojamento em el chalten

El calafate, o centro de distribuição de turistas

El calafate é uma cidade onde todos se encontram para ir a algum lado. Tem uma rua principal de agências de viagem, restaurantes e lojas de montanha. Depois tem o resto das ruas.
Apesar de ser hiper turística é calma e simpática.
Nós, como todos os outros, estamos aqui para ir a outros lugares.
Amanhã vamos ver glaciares. A João que tem o tendão de Aquiles armado em parvo vai fazer a versão miradora ao longe. Já eu, vou fazer a versão em que metemos o pezinho em cima do bicho.
Domingo descansamos e segunda fazemos uma viagem louca que sai às 6h30 para ir visitar o parque natural torres de paine (acho que não é bem este o nome) aqui ao vizinho Chile com volta já de noite.
Na terça rumamos a el Chalten, a auto-denominada “capital do trekking”
xxx

 

 

 

 

Ushuaia, ou como é conhecido "fim do mundo"

O que se pode dizer sobre ushuaia? Já toda a gente ouviu falar de ushuaia, a cidade do fim do mundo.
Quem tem veia de viajante ou já cá veio ou sonha em vir cá. Nós pertencíamos ao segundo grupo e nunca nos passou pela cabeça que alguma vez cá viriamos. Mas graças à pandemia cá estamos.
Sim, esta malvada da pandemia que nos manteve em casa demasiado tempo e quando nos soltou nós voámos o mais alto que podíamos e é por isso aqui estamos.
O que se pode dizer sobre ushuasia onde se navega pelo canal beagle com lobos marinhos a mergulhar á nossa volta? Esse canal onde as baleias são (bem as vimos) frequentes e onde as pequenas ilhas são habitadas por lobos marinhos, pinguins e corvos marinhos. O que dizer? Não faço ideia! E o parque nacional do fim do mundo onde a paisagem natural acha que pode rebentar a escala de beleza? Não sei o que se pode dizer sobre isso também. Dava-me jeito uma veia de Afonso cruz.
E claro, a cidade… Não é brutalmente gira, mas é ushuaia, carago! Daqui para baixo, tirando Puerto Williams no Chile não há nada até ao pólo sul. No porto, um barco que para lá se dirige aguarda ordem de marcha. Em terra, malta de mochila às costas vagueia, uns à deriva outros bem direcionados. Lojas de material de montanha, hostels de malta com brilhos nos olhos. É ushuaia, carago!
Estou no hotel.. de um lado o canal beagle, do outro as montanhas nevadas. Mar e montanhas com neve na mesma janela não se vê todos os dias.
O que dizer sobre isto tudo? Só me ocorrem: estamos em ushuaia, estamos no fim do mundo, carago!
No entanto estou certo que a percepção do que estamos a experimentar nos vai bater forte quando voltarmos a casa e ao olhar para o mapa encontrarei palavras mais dignas desta experiência. Algo como “foda-se, estivemos no fim do mundo. Somos uns previligiados do caralho!”
fim do mundo

Argentina? Não, não. Uruguai.

E viva a internet! Estamos neste momento no autocarro entre Colónia e montevideo. Já reservei hotel para hoje, avião para ushuaia e alojamento lá para 2 noites. O tempo e stress poupado é incalculável.
Não se passou muito desde o meu último post, mas deixem-me voltar ao encontro de ontem com as moças viajeiras. Podem ter ficado com a sensação que não gostei de estar à conversa com elas, o que não é verdade. Foi uma conversa interessante e foi interessante perceber que estamos todos no mesmo barco. O que ver? Quando? Como lá chegar?
Uma das minhas angústias éo tempo que se passa em transportes e temos prevista uma viagem de 11 horas de autocarro de .. até ushuaia. Será que não morremos de tédio … E dores nas costas? Fará sentido esta opção? ” A viagem maior que fiz de autocarro foram 22 horas de ushuaia a …” Disse a alemã. Senti que o nosso plano afinal não era assim tão descabido ou dia do comum.
Como nós, também elas fazem marabalismos para fazer o dinheiro esticar. É bom perceber que não somos os únicos loucos com dinheiro contado mas que mesmo assim não abdicamos de viver.
Não sei quantos outros loucos andam por aqui, mas este encontro com estas moças (todas a viajar sozinhas. Todos nos conhecemos naquele momento) deu-nos uma sensação de pertença ao clube dos loucos que não abdicam de conhecer o mundo mesmo que o obrigue a viagens de 22h de autocarro.
algures entre Colónia e montevideo

Argentina, hoje em versão Uruguai

Hoje vimos um beija-flor. É um daqueles momentos em que percebemos que estamos um bocado longedas nossas geografias. 🙂
Mas comecemos pelo princípio. Estamos neste momento em Colónia de Sacramento uma localidade que durante anos andou a saltitar entre Portugal e Espanha acabando por ficar no Brasil quando este se tornou independente de Portugal e finalmente no Uruguai quando este se tornou independente do Brasil.
Já fizemos a visita guiada do centro histórico e já demos uma volta por toda a zona costeira. Uma tarde e está feito. Falta ainda ver os museus que são, se não me engano sete, onde se inclui um museu português e um museu do azulejo.
O ambiente é muito calmo e turístico qb com bastantes esplanadas a convidar para uma cerveja para refrescar do calor intenso.
Hoje foi um dia calmo com direito aquelas experiências dignas de filmes lamechas :p Conhecemos uma portuguesa, uma alemã e uma espanhola a viajar sozinhas pela América do sul. Todas entre empregos e sem saberem o que vão fazer a seguir. Estivemos uma hora à conversa com elas e eu a ver quando aparecia a Meg Ryan que fica sempre bem nestes filmes.
Colónia de Sacramento