Rumo ao Norte: dias 9, 10 e 11

Ainda demorou mais um dia mas lá conseguimos sair de gijon, mas não sei antes experimentar o contacto com uma caravela portuguesa. O raio do bixo andava a passear junto à praia e ferrou-me uma perna. As dores foram poucas o susto foi maior. Não fazia ideia de quão grave a cena era. Ao que parece pode ser grave, se formos alérgicos..
No dia em que íamos embora havia um festival aéreo que aproveitamos para ver. Uns aviões e uma helis. Coisa gira. De salientar o Euro Fighter typhon que nos passou várias vezes por cima. Uma coisa impressionante ter uma coisa daquelas a passar tão perto.
No dia seguinte lá conseguimos seguir o nosso plano de “best of” e fomos até Vinte Dé onde nos limitámos, conforme planeado, a aproveitar as vistas sem nos cansar nos muito. Ponto picado, siga para o próximo item da lista: o camping la paz que nos surpreende sempre. O tempo está mauzito e o mar também por isso se calhar baixamos já amanhã.
A ver vamos
Camping la paz

 

Rumo ao Norte: Dias 5,6,7 e 8

Caro diário,
Vai fazer 4 dias que estamos encalhados em Gijon. Não conseguimos continuar… Sinto no ar uma presença maligna que nos parece impedir de o fazer. Sentimo-nos constantemente obrigados a estar dentro de água, parece que este elemento a afugenta.
Esta estratégia tem os seus inconvenientes. Sinto no pescoço nascer o que me parece serem proto-guelras e já se notam membranas interdigitais.
Corremos o risco de a transformação ser permanente e já não podermos viver fora de água.
Esperem… sinto algo…. é A PRESENÇA MALIGNA! Há que fugir para dentro de água para despistar!
Até já…
NOTA:
É inteiramente falso que estejamos aqui por vontade própria. Quem de seu perfeito juízo ficaria num sítio onde a temperatura máxima do ar varia entre os 24 e 26 e a do mar, calmo e transparente anda entre os 22 e 24. E a praia? Horrível, sempre boa para correr nos seus 2 ou 3 km de extensão.
E a cultura? Do pior, exposições e filmes gratuitos a 100 metros do mar!
E o campismo, senhores??? o Campismo!!!! Da tenda ao mar são pelos menos 100 metros.
Eh pá, nem sei. É tudo mau!

 

 

Rumo ao Norte: Dia 4

Hoje o plano é ir para Gijon, a minha cidade (costeira) favorita em Espanha.
Pelo caminho passámos por Cangas del Narcea que fica no sopé de um parque natural do qual nunca tínhamos ouvido falar: Parque natural de las Fuentes del Narcea, Degaña e Ibias
Segundo a moça do centro de interpretação, o parque vale muito a pena e pensámos seriamente em alterar os nossos planos e passar por lá primeiro. Acábamos por não o fazer porque o sacana do parque não tem um único parque de campismo nas redondezas. Precisamos de estudar melhor o ataque ao dito cujo…
Além disso o cabo do meu Suunto está marado!!!!! Não consigo carregar o relógio!!!! o horror!!!! Estar sem relógio é estar sem acesso aos percursos que faço em montanha, aos dados de treinos que vou fazendo.. enfim, para quem não está bem a ver, imaginem um adolescente sem telemóvel!!!
Por isso, vir a Gijon comprar um cabo era da máxima importância! Mas…. nenhuma das lojas que vendem suuntos tem cabos 🙁 … no entanto o senhor de uma das lojas deixou-me usar o carregador do expositor 🙂 Já tenho bateria para mais um par de dias e amanhã devo lá passar outra vez.
Entretanto o tempo está uma treta, vamos ver se amanhã melhora :p
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Rumo ao Norte: Dia 3

Continuamos na serra de Ancares. Verde e infindável. Hoje antes de sairmos de Burbia fomos até ao rio mandar um mergulho. Como diria a malta do Norte: Ca fria, a puta!
Depois saímos, rumo a … Norte o que se revelou complicado. Atravessar a serra para o lado Norte não é fácil. Não há acessos de jeito e o GPS teima em colocar-nos em estradas de montanha. Foi uma aventura, a passagem…
Pelo caminho passámos por Navia de Suarna, um pequeno pueblo atravessado pelo rio Navia e que tem entre outros atractivos uma bela ponte romana e por Piornedo, uma bela terrinha recheada de casas com telhados de colmo.
Acabámos o dia em A Fonsagrada, uma terra que nem sei qual é o aspecto porque fomos direito ao campismo que estava praticamente vazio. Segundo o dono, estava composto no dia anterior, mas o pessoal fugiu todo por causa do frio. Já vos disse que está frio e já choveu? Pois… bem vindos ao Norte 🙂

 

 

 

Rumo ao Norte: Dia 1

Estas férias começaram como muitas outras: com planos furados. O plano inicial era ir aos 5 dias de França nos pirineus Franceses (prova de orientação) mas em Abril já estavam esgotadas as vagas. Depois podia ser para ir a uma prova de Trail no fim de agosto nos pirineus espanhóis mas estava esgotada também.
Bah, siga para o plano backup do costume: Em direção ao Norte e depois logo se vê.
Desta vez começámos por Guimarães. Ficámos fã da Penha. Um pequeno monte ao lado de Guimarães recheado de pedregulhos de granito atravessados por escadarias. Maravilhosamente lindo.
Lá no meio tem um simpático campismo com piscina e um belo tasco onde se bebe o melhor tinto verde do universo e arredores.
Foi um belo começo!
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Argentina: Buenos Aires

Não gosto de cidades grandes e Buenos Aires é uma cidade muito, mesmo muito grande. O centro é tão grande que tem direito a um microcentro, algo que equivale para nós à baixa, castelo e bairro alto. Na zona onde ficámos, Palermo, chegavam a passar autocarros de transportes públicos de 2 em 2 segundos. É uma loucura de tamanho, onde os prédios não deixam ver o céu e o movimento de formigas, desculpem pessoas, é constante. O aeroporto que fica na periferia da grande Buenos Aires fica a 50 km. Enfim, é grande.

As cidades grandes têm muito para ver. Tantos jardins, museus e teatros como, vá, um país inteiro mas fica tudo longe, a pé não se chega a lado nenhum. Os transportes públicos funcionam bem, são baratos e vão a todo o lado. E com a ajuda do google é muito fácil navegar as inúmeras linhas de autocarro para chegar onde se quer. Só há um problema. É preciso o SUB, o cartão dos transportes públicos de Buenos Aires e apanhar um é como apanhar um Pokémon raro. Depois de muito procurar e de ter passado algum tempo a viajar de Uber lá conseguimos encontrar um exemplar. Depois sim, a cidade ficou pequena.

Aproveitámos bem os dias que estivemos em Buenos Aires (e o cartão  SUB) e conseguimos ver tudo o que queríamos. Claro que se lá estivéssemos, mas dias, descobríamos mais coisas para ver.

Do que vimos e que me lembre assim de repente, realço:

A Boca e o famoso Caminhito que lá fica perto. A Boca é onde está a famosa bomboneira, o estádio do Boca Juniores onde os espectadores dos anéis mais altos quase têm de olhar na vertical para baixo para ver o jogo. O estádio foi construído assim, na vertical, porque não havia espaço para o construir para os lados. AO redor do estádio há todo um circo de lojas que vendem recordações do clube e há todo um ambiente de festa com centenas de visitantes a circular. Lá perto fica o Caminhito, duas ruas turísticas cheias de restaurantes onde se pode apreciar dançarinos de tango e lojas de recordações. Ambas as zonas são muito coloridas e o ambiente é agradável se bem que demasiado movimentado. Não haja dúvida, uma visita a Buenos Aires sem ir aqui não vale.

Outro marco é o Ateneo Grand Splenind, o  teatro em forma de ferradura, que tinha capacidade para cerca de 1000 pessoas e foi convertido em livraria. Para quem, como eu, que faz paragem obrigatória nas livrarias por onde passa, esta não tem concorrência à altura.

Também é famoso o teatro Colon. É bonito sim senhor, mas é basicamente uma cópia do que se fazia na altura em Paris e arredores. É estranho ir à America do Sul ver cópias do que há na europa. Dispenso…

Também fomos a vários museus, centros culturais e sei lá o que mais. Não falta o que ver …  desde que tenhamos o SUB e o google para nos dizer que autocarros apanhar para chegar onde queremos 😊

E com Buenos Aires acabámos a nossa longa/curta viagem à Argentina.

Longa porque nunca tínhamos tirado tanto tempo de férias. Quatro semaninhas seguidas. Toma pandemia!!!

Curta porque a Argentina é um bocadito grande. Nós não visitámos a Argentina, visitámos Buenos Aires (e Tigre), Ushuaia , El Calafate e El Chalten. Dizer que visitámos a Argentina é como ir a Paris, Picos da Europa a costa alentejana  e dizer que visitámos a Europa.

Argentina: Tigre

O guia da lonely planet dizia que Tigre valia a pena visitar e como ficava bem perto de Buenos Aires, a uma hora de comboio, lá fomos nós para ver o que se passava por lá.

Tigre é uma pequena cidade com prédios baixos, muitas zonas verdes e junto a um dos milhentos braços do rio Paraná onde se consegue ver o céu em em condições, coisa difícil em Buenos Aires devido à quantidade de prédios altos. Só isso por isso, ver o céu, já vale a pena ir a Tigre.

Mas o céu, é o principio das coisas boas, a verdadeira surpresa é o rio Paraná, mais exactamente o seu delta onde cerca de 15 mil pessoas moram e fazem a sua vida nas centenas (milhares?) de ilhas que aí existem.

Nós apanhámos o barco que se serve de transporte público e fomos até uma das ilhas, de seu nome Tres Bocas para ver o ambiente. Nessa ilha além de alguns restaurantes, existe um supermercado e a escola além de inúmeras casas de férias, pelo menos um hostel e algumas habitações permanentes ligadas por pequenos carreiros pedestres e pequenas pontes que atravessas muito dos vários canais de pequena largura (até 5 metros, talvez) que separam as várias .. ?semi-ilhas? que a constituem. Para lá chegarmos navegámos durante cerca de 1 hora e passámos por inúmeras ilhas, canais largos como um rio, canais estreitos como uma vala, inúmeros cais de embarque e respectivos barcos.

O ambiente, para nós, é surreal. Não estávamos à espera de encontrar aqui, tão perto de Buenos Aires, um meio de vida tão diferente de tudo o que conhecemos e onde vimos coisas tão curiosas como o barco que vai buscar as crianças à escola e as distribui pelas suas respectivas ilhas ou pessoas que andam constantemente com garrafões de 5 litros para trás e para a frente, é que ali no meio, não há água potável, ou têm água da chuva ou têm de a trazer de terra firme.

Fica na memória, uma rapariga toda bem vestida com a sua malinha de ombro a encher garrafões de água numa fonte pública em Tigre. Garrafões que colocou na sua pequena canoa que depois, habilmente, conduziu pelos canais fora até desaparecer de nossa vista.

Ficará na memória como a maior surpresa desta viagem em que esperávamos glaciares e montanhas mas definitivamente não estávamos à espera de encontrar um ambiente que nos fez lembrar as imagens que vemos de povoações esquecidas algures no meio do Amazonas.

La Martita em Tres Bocas onde almoçámos

 

 

Patagonia, the end!

Adeus Patagônia, até o meu regresso.
Estamos agora no aeroporto de el calafate, onde muita gente ganhou um andar novo, parece que vêm de horas infindáveis de caminhada montanha acima.
Foram duas semanas intensas passadas entre ushuaia (o fim do mundo, c@##@lho!), El calafate (o centro de distribuição de turistas) e el chalten (o paraíso da tribo da montanha). Vimos uma pequena fração do que há para ver na Patagônia e a precisar de avião para ver tudo em tempo útil.
Caminhámos entre glaciares e eu em cima de um, navegámos entre baleias e pinguins, fizemos viagens de camião todo o terreno, fizemos (quase) tudo o que havia para fazer e o dinheiro o tempo deixou. Tinha de ser, a probabilidade de voltarmos é quase nula por isso não havia opção: Ou fazíamos agora ou nunca mais. Vamos com a barriguinha cheia e com os gráficos do suunto a bater recordes de “está a exagerar” no exercício físico.
Daqui a uma hora voamos de volta a Buenos Aires para passar os últimos 4 dias, ainda temos muito para ver por lá. Na chegada tivermos pouco tempo lá e o calor estava insuportável, agora parece estar melhor.
aeroporto dos andares novos

El chalten

Há merdas que não se explicam, mas como tenho a mania que sou esperto, vou tentar. São oito da noite, é dia de San Patrics. Como muitos bares pelo mundo fora a noite é dedicada à Irlanda. A cerveja está verde e os drop kick murphies estão a bombar nas colunas Mas este não é um bar qualquer, é o vinateria em el chalten e em el chalten só há dois tipos de pessoas: os locais e os turistas que gostam de montanha.
É que aqui não há mais nada para fazer, ou sobes montanhas a pé ou sobes montanhas a pé para escalar. É que não há mesmo mais nada. tens dinheiro? Azar, estás no sitio errado. Tens de subir a pé na mesma. Não há alternativa.
Por isso, neste bar, só há um tipo de pessoas: as que passaram o dia na montanha a caminhar ou escalar. Estamos todos aqui pelo mesmo e como tal somos todos amigos, irmãos ou outra cena qualquer que nos aproxima. Os nossos olhares são cúmplices, os nossos passos lentos, o nosso amor pela montanha partilhado.
Aqui o rei é o Fitz Roy e se não te roeste de inveja ou de saudade ao ler este nome não sentirás este texto como nós, a malta que sonha com montanhas.
Hoje foi o dia de atacar o Fitz Roy. Nós os eternos principiantes da montanha e escaladores de quinta categoria (no tempo em que escalávamos) ficamos felizes de ver as montanhas de perto sem as subir. Saindo de el chalten são quatro horas até à laguna dos três que nos leva bem perto do dito cujo. Não é fácil a subida, e para a João que continua lesionada, estava fora de questão e ficou-se por uma caminhada de quinze quilómetros que mesmo assim a levou perto e com vistas espetaculares.
Eu comprei o bilhete completo. Fui bem lá acima e ainda fiz uns extras. Quase 40 Kms com mais de mil metros de desnível em quase dez horas de caminhada. Um dia em cheio. Que fique registado que a subida final, uma violência de 400 metros de desnível em mil metros de percurso vale, mais ou menos, meia besta na escala Freita. É duro, mas para quem já levou com o Moutinho na Freita é uma brincadeira.
Se não perceberam esta comparação é normal, há merdas que não se explicam.
bem lá no alto

 

 

Cláudio nas Nuvens