Bálticos, dia 4: até ao fim da Europa como a conhecemos.

Hoje foi um dia de alguma centenas de quilómetros de condução. Saímos de Tartu cedo em direcção ao sul para ver algumas coisitas que nos tinham falhado, como por exemplo o ponto mais alto dia países bálticos com os seus majestosos 318 metros.
Depois foi sempre em direcção a norte com passagem pelo lago Pespi. O quinto maior da Europa (entretanto que já chegamos ao mar báltico não se nota diferença nenhuma entre eles: ondas que mal se vêem e água a perder de vista). Nas margens desse monstro há várias aldeias de “old believers”, uma seita de dissidentes da igreja ortodoxa que é famosa por ser obcecada por cebolas por causa dos seus supostos efeitos curativos. Enfim, toda a gente vende cebolas na garagem. Não faço ideia quem compra…
Para acabar o dia fomos até ao fim da união europeia que fica em Narva . É A pontinha oposta ao cabo de Sagres. A diferença é que de um lado há sardinhas e do outro há russos.
Estar em Narva dá uma sensação de explorador. O mundo conhecido acaba aqui e do lado de lá sabe-se lá o que pode acontecer. estou a ser dramático para aumentar o gozo que me deu estar ali à borda da fronteira mas a verdade é que não estávamos nada confortáveis. A cidade é feia, soviética e com trânsito caótico. Há demasiadas pessoas que nos chamam a atenção pelo seu aspecto ou comportamento errático, aparentemente ausente. Uma espécie de estação de santa Apolónia em que não sabemos se o desgraçado que vemos pelo canto do olho é mesmo um desgraçado ou se está à espera de uma oportunidade para nos gamar, mas em versão russa com dentes de ouro incluídos.
Ainda passámos pela praia de Narva que fica um pouco a norte, e que na verdade é que é o oposto de Sagres, onde o ambiente decadente desta ex-estancia de verão da era soviética também não era muito agradável.
Não sei se tínhamos razão para isso, mas a verdade é que estávamos um bocado nervosos com o ambiente e não descansámos enquanto não nos pusemos de lá para fora em direção a Tallinn, a capital Estónia, onde chegámos noite dentro e onde o ambiente, notoriamente europeu, nos deixou com outro animo.

 

 

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